segunda-feira, 27 de junho de 2011

Senadores e familiares de autistas pedem políticas públicas específicas em Sessão Solene no Senado

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Durante sessão especial do Senado Federal, nesta segunda-feira (27), para celebrar o Dia do Orgulho Autista, pais de crianças portadoras dessa síndrome e representantes de associações protestaram contra a falta de políticas públicas específicas, argumentando que isso resulta em atendimento inadequado e problemas como a ausência de diagnósticos precoces. E, assim como os parlamentares presentes, defenderam a aprovação do projeto de lei que institui a Política Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa Autista.
Algumas estimativas indicam que há no Brasil em torno de 2 milhões de pessoas com a síndrome. No mundo, o número total de autistas, de acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU), é de aproximadamente 70 milhões.

Política Nacional

A sessão especial foi proposta pelo senador Paulo Paim, relator do projeto de lei que institui a Política Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa Autista. O projeto foi aprovado neste mês pelo Senado e tramita agora na Câmara dos Deputados (PL 1.631/11). Durante a cerimônia, o parlamentar recebeu o Prêmio Orgulho Autista.
Entre os que apoiam o projeto está o senador Lindbergh Farias (PT-RJ), pai de uma menina com a síndrome de Down e presidente da Subcomissão Permanente de Assuntos Sociais das Pessoas com Deficiência . Segundo Lindbergh, o projeto visa à implementação de políticas públicas para o tratamento adequado dos autistas, englobando desde a implantação do diagnóstico precoce até o encaminhamento das pessoas com autismo para tratamento específico. Também defende a proposta a deputada federal Rosinha da Adefal (PTdoB-AL), que preside a Frente Parlamentar do Congresso Nacional em Defesa dos Direitos das Pessoas com Deficiência.
Ao apoiar o projeto, Ulisses da Costa Batista, pai de um adolescente austista, declarou que "o Brasil não conseguiu viabilizar terapias voltadas às especificidades das pessoas com autismo, deixando inúmeras famílias sem acesso ao diagnóstico precoce, ao tratamento multidisciplinar e ao acompanhamento às famílias". Ele também disse que o avanço do autismo no mundo "impressiona". Ulisses citou uma estimativa segundo a qual, em 1990, havia um caso para cada 2,5 mil crianças nascidas, enquanto hoje haveria um caso para cada 110 crianças nascidas.


Diagnóstico precoce

O editor-chefe da revista Autismo, Paiva Junior, afirmou que, devido à ausência de diagnóstico, as famílias da maioria dos autistas no Brasil não sabem que convivem com um portador da deficiência. Ele lembrou que "um dos poucos consensos" sobre o autismo na comunidade médica e científica se refere à importância do diagnóstico precoce - pois, ao indicar a deficiência, possibilita o encaminhamento do autista para um tratamento adequado.
- Quanto mais cedo se iniciam as intervenções, maiores os ganhos em qualidade de vida - reiterou.
Para Lindbergh Farias, é necessário um protocolo do Ministério da Saúde para o diagnóstico precoce tanto do autismo como da síndrome de Down, para que esse procedimento seja disseminado entre os profissionais de saúde. O senador disse que a reivindicação do protocolo "seria o primeiro ponto de uma pauta concreta para essa questão".

Ricardo Koiti Koshimizu / Agência Senado


domingo, 26 de junho de 2011

MTV Autismo - Documentário

De uma atitude preconceituosa para o esclarecimento, a MTV passou a transmitir informação sobre autismo à sociedade. Quanto mais conhecimento, menos preconceito.  Quanto mais as pessoas conhecerem o transtorno, mais apoio poderão oferecer aos portadores.
Parabéns a todos que se mobilizaram para que isso acontecesse!

sábado, 25 de junho de 2011

Nova temporada de 'Cocoricó' traz personagem deficiente visual

Personagens do CocoricóO programa comemora 15 anos na TV Cultura. Na nova temporada, Júlio e sua turma continuam no apartamento do primo João.
Nesta semana, o garoto Júlio e a turma do paiol fizeram um bolo de paçoca especial para a Folhinha. A data merecia comemoração: os 15 anos do programa "Cocoricó" produção da TV Cultura
Além de bolo, a celebração inclui o lançamento do DVD "Cocoricó Cultura Brasileira", com vários clipes divertidos, e a estreia da nova temporada do programa, com 26 episódios. O primeiro vai ao ar no sábado(18), às 11h15.
A Folhinha conversou com Fernando Gomes, diretor de "Cocoricó" e gerente do departamento infantojuvenil da TV Cultura, para saber como tudo começou.
Ele está no programa desde o início. "Na verdade, desde antes do início", brinca Fernando. "O Júlio foi confeccionado por mim, e o boneco já existia antes do 'Cocoricó'. Foi criado para um especial de Natal da TV Cultura, em 1989", explica o diretor, também responsável pela voz e pela manipulação de Júlio.
O programa de Natal foi tão elogiado que o Júlio foi parar em um quadro do programa "Rá Tim Bum". Quando a atração acabou, "o Júlio ficou desempregado", brinca Fernando. Até que, em 1996, a TV Cultura resolveu criar uma nova produção infantil e se lembrou do Júlio. "Ele acabou me levando para o Cocoricó", conta Fernando, que dirige o programa desde 2003.
O que mudou nesses 15 anos? Os personagens são mais ou menos os mesmos, mas Fernando conta que os cenários e a linguagem do programa mudaram bastante. "Hoje os bonecos têm muito mais agilidade e o trabalho de luz é mais elaborado", completa.
Um dos diferenciais do programa é a ausência de tecnologia avançada. Não há animações, nem 3D, nem grandes truques. São bonecos de espuma e efeitos bem reais. "A única coisa fake (falsa) no 'Cocoricó' são os bonecos", diz Fernando. Se algum personagem precisa voar de balão, nadar ou saltar de uma plataforma de dez metros de altura --como fará a galinha Lilica na nova temporada de "Cocoricó"--, ele realmente faz isso! Não é à toa que o boneco Júlio já foi confeccionado oito vezes nesses 15 anos!
Para terminar nossa conversa, Folhinha quis saber qual a maior alegria em fazer o "Cocoricó". "É o resultado e o respeito que ele conquistou, provando que o que é bom não envelhece", diz Fernando. "A cada nova temporada a gente mostra que ele ainda tem muito para mostrar."

Nova Temporada
Fernando Gomes conta que não tem muita relação com a roça, onde vive a turma do Júlio (o cavalo Alípio, a galinha Lola, o porquinho Astolfo, entre outros). "Sou carioca, totalmente urbano, morei no Rio e em São Paulo", conta o diretor. Talvez ele se sinta mais à vontade para gravar as cenas da nova temporada de "Cocoricó", que, a exemplo da anterior, acontecem --em sua maioria--na cidade grande.
Júlio e sua turma continuam no apartamento do primo João. Mas a série contará com novos personagens (como Mauro, deficiente visual), cenários (como a sala de Júlio) e canções de Fernando Salem.
Uma curiosidade: cada episódio de "Cocoricó" demora mais ou menos três dias para ser gravados. Dá um trabalhão!
Os episódios da nova temporada serão exibidos aos sábados, às 11h15, na TV Cultura.


Fonte

terça-feira, 21 de junho de 2011

Cresce inclusão de estudantes com deficiência em sala comum

Escola acolhe, na mesma sala, estudante comum e aluno com atraso no desenvolvimento neuropsicomotor. (Foto: Fabiana Carvalho)
Nos últimos dez anos, o número de alunos com deficiência matriculados em turmas regulares de escolas públicas aumentou 493%. Em 2000, eram 81.695 estudantes; em 2010, 484.332 ingressaram em classes comuns.
Os dados do Censo Escolar são comemorados pela secretária de Educação Especial do Ministério da Educação, Cláudia Dutra.
Segundo ela, os dados positivos são resultado de uma política de inclusão que começou a ser discutida com a sociedade e sistemas de ensino em 2003.
“Esta é uma conquista que representa um amplo processo de mobilização educacional”, observa.
A secretária explica que, a partir da implementação dessa política, o foco passa a ser a acessibilidade e não a deficiência do estudante.
“Antes, acreditava-se que o estudante com deficiência não tinha condições de estudar e que esta falta de condição estaria nele, quando na verdade pouco havia sido feito para eliminar as barreiras de acesso ao aprendizado dessas pessoas”, afirma.
De acordo com a secretária, outro marco para a educação especial ocorreu em 2008, quando foi dobrado o valor investido por aluno com deficiência no Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica (Fundeb).
Em 2010, foram investidos R$ 317 milhões em ações que vão desde o incentivo à implementação de salas multifuncionais e obras de acessibilidade até formação de professores para atuar com alunos com deficiência.
A secretária destaca que, a partir do projeto pedagógico, é importante que o aluno com deficiência frequente a classe comum, e no turno oposto tenha um atendimento na sala de recursos multifuncionais.
Para estimular essa política nas redes estaduais e municipais de educação, o MEC financiou a implantação de 24.301 salas de recursos multifuncionais, em 83% dos municípios e 42% das escolas públicas, no período de 2005 a 2010.
As redes locais que queiram instalar as salas multifuncionais podem fazer o pedido no Plano de Ação Articulada (PAR).
Já as escolas interessadas em melhorar a acessibilidade devem solicitar os recursos por meio do Plano de Desenvolvimento da Escola (PDE Escola). Os recursos são repassados direto para a escola.
Outra iniciativa considerada importante é a formação de professores. Em 2010, 68.117 professores receberam formação para atuar em educação especial em cursos financiados pelo MEC.(Assessoria de Comunicação Social)


sábado, 18 de junho de 2011

Poema dia do Orgulho autista/2011 por Liê






 Por quê?
Buscar horas
Perdidas
No relógio do tempo


A beleza
Da semente
Que germinou
Nem perfeita
Nem imperfeita
“Diferente”


 Mas se colocada 
Em terra árida
Perder-se-á
Em dores atrozes


 Não quero
Mudar essa semente
Não posso
Transformá-la
Num remendo de flor
Nem rosa nem cravo


Mas que pode florir
Meio para direita
Meio para esquerda
Com nuanças perspicazes.


 Posso ver essa semente
Orgulhosamente
Crescer
Num pomar de amor
 Sonho de poeta.


Posso vê-la num jardim
Repleto de flores
“Diferentes”
Mas amadas


 E quem abrir o coração
Poderá sentir.
O perfume da divindade
O cheiro de anjo.


 E sentirá a paz
Do amor incondicional
De uma mãe flor
Mas  por favor mundo
Não despetale


A esperança dessa causa.
Nem arranque da terra
Essa semente diferente
Regue-a até ela florir.


Tenho orgulho
Da flor que se tornou
Minha semente
Sua necessidade de amor
Mesmo não entendendo
O efeito ou causa de tudo


 A felicidade
É tão frágil
São minutos
Que podem fugir


 Mas orgulho-me
De cavar até a exaustão
O chão do seu coração menino.
E lá encontrar


Os sentimentos, mais sutis.
Escondidos
E temerosos
Trazê-los à tona.


E colocá-los
A salvo no jardim
Da minha vida!
Amo-te meu filho autista.


Orgulho-me de ti...
Que o planeta aprenda
A sentir orgulho de ti também!


Impossível não se emocionar e não deixar que a poesia dela represente o sentimento e o amor de todas as mães, de todos que amam alguém com autismo.

Dia do Orgulho Autista – 18 de Junho

      ORGULHO AUTISTA?

Por Fausta Cristina de Pádua Reis

A primeira vez que ouvi a expressão Orgulho Autista achei muito estranha. A primeira coisa que pensei foi sobre a real possibilidade de alguém sentir-se orgulhoso por ter Autismo ou ter orgulho por alguma pessoa querida ter a síndrome. Foi necessário que eu saísse do racional para pensar que o Autismo pode representar muito mais do que uma síndrome ou um transtorno na vida de alguém.
O Autismo hoje em dia se tornou uma causa pela qual eu luto, uma causa que considero muito nobre e da qual me orgulho, com certeza. São pessoas, familiares, profissionais, organizações, associações que buscam incessantemente a promoção da qualidade de vida da pessoa com autismo.
Sim, tenho orgulho de ser uma pessoa muito melhor desde que o Autismo invadiu a minha vida, mudou minhas referências e derrubou antigos paradigmas. Tenho orgulho em finalmente entender que as pessoas são diferentes, que não existe ninguém normal e que só teremos um mundo realmente melhor quando aprendermos a tolerar e aceitar verdadeiramente as diferenças.
Tendo em vista que o Dia do Orgulho Autista, criado em 2005 por iniciativa do "Aspies for Freedom" * e visa a divulgar e lutar pela aceitação das pessoas com autismo, tenho orgulho em pertencer a este grupo heterogêneo e imenso espalhado pelo mundo.
Sobretudo me orgulho da minha filha, a pessoa mais sensível que já conheci. Que me ensina a agir muito mais que falar, escutar para entender, que me ensina a interpretar rostos e me faz encontrar novas e melhoradas formas de comunicação. Tenho orgulho por vê-la superando dificuldades, derrubando barreiras e persistindo arduamente para compreender o mundo e ser aceita.
É... Orgulho Autista tem para mim muito sentido, espero que pra você também.

Fausta Cristina de Pádua Reis é integrante do Instituto Autismo & Vida, pedagoga, psicopedagoga, e mãe da Milena, uma linda garotinha com autismo que tem oito anos (http://www.mundodami.zip.net/).


Vencedores do VI Prêmio Orgulho Autista

Parabéns a todos os autistas, familiares e profissionais que se dedicam para alcançar e proporcionar melhor qualidade de vida aos portadores da síndrome! São todos especiais! São todos obras divinas!
Fica o nosso orgulho...


Autista no Dentista - Imprensa Fotografia Destaque

Desde 2005 o Conselho Brasileiro do Prêmio Orgulho Autista busca evidenciar pessoas e instituições que se destacaram de forma significativa na vida de pessoas diagnosticadas autistas/aspergers, agraciando-os em diversas categorias, conforme suas realizações.
No primeiro momento, os membros do Conselho indicam os concorrentes e apresentam as defesas com o motivo pelo qual essas pessoas/instituições foram incluídas como candidatas. Na segunda fase, os integrantes do grupo votam naqueles que acreditam merecer a homenagem. Naturalmente, os mais votados são os vencedores.
A entrega do VI Prêmio Orgulho Autista é referente aos destaques de 2010 e será realizada no dia 17 de junho de 2011, véspera do Dia do Orgulho Autista, às 10h, como sempre, nos estúdios da Rádio Nacional de Brasília, com transmissão ao vivo.


Parabéns ao Grandes Vencedores do VI Prêmio Orgulho Autista

I - Livro Destaque:

Claudia Marcelino - Rio de Janeiro - Autismo Esperança pela Nutrição. História de Vida, Lutas, Conquistas e muitos Ensinamentos - M.Books do Brasil Editora Ltda. - 2010.
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II - Diretora/Escola Destaque:

Romina Dias Firmo Vieira - Escola Classe 416 sul de Brasília-DF

Estabelecimento público de ensino fundamental.
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III - Professora Destaque

Mara Rúbia Rodrigues Martins - professora de ensino fundamental - Secretaria de Estado de Educação do Distrito Federal.
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IV - Médico Destaque:

Estevão Vadasz - Psiquiatra - Hospital das Clínicas - Universidade de São Paulo.
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V - Psicólogo Destaque

Simone Roballo - Centro Universitário de Brasília UniCeub - especialista em Síndrome de Asperger.
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VI - Político Brasileiro Destaque

Paulo Paim - Senador da República - Rio Grande do Sul - Partido dos Trabalhadores - autor: PLS "lei federal do autismo".
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VII - Imprensa Rádio Destaque

Kiê Tiradentes - Amazonas - CBN Manaus.

http://www.cbnmanaus.com.br/diariodeumautista
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VIII - Imprensa Televisão Destaque

Régis Rosing - Esporte Espetacular - TV Globo (dez 2010)- Apresentação de atividade esportiva a autistas no Rio de Janeiro.
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IX - Imprensa Escrita - Revista Destaque

Francisco de Paiva e Silva Júnior - editor Revista Autismo.

www.revistaautismo.com.br
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X - Imprensa Escrita - Jornal Destaque

Rebeca Ramos - jornal "O Norte" - João Pessoa/Paraíba - 'Um Motivo de Otimismo - Cientistas "consertam" gene defeituoso ligado ao autismo. Descoberta renova esperança de pacientes' - 29/11/2010.

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XI - Imprensa Fotografia Destaque

Foto Autista no Dentista 1 (em anexo).
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XII - Internet Destaque

Adriana Zink, responsável pelo blog:

http://www.adrianazink.blogspot.com - informações imprescindíveis para a saúde bucal dos autistas.
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XIII - Pessoa e Organização Não-Governamental Destaque

Mônica Acciolly - Associação MÃO AMIGA - Associação de Pais e Mães de Amigos de Pessoas Autistas - Rio de Janeiro.
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XIV - Pessoa e Órgão Público ou Empresa Privada Destaque

Yure Melo - Ordem dos Advogados do Brasil - pelas atuações em defesa dos autistas, como no caso da reversão do fechamento de escola pública referência em autismo, que já havia sido determinada pela Secretaria de Educação; posicionou-se publicamente contra o veto do Governador do DF contra a lei dos autistas; fez audiência na OAB contra programa da MTV.
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XV - Atitude Destaque

Ulisses da Costa Batista - Rio de Janeiro - Foi o pai de autista que buscou através da Defensoria Pública do RJ protocolar documento na OEA contra o Brasil por atendimento não adequado e/ou insuficiente para autistas brasileiros.

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FernandoCotta
Conselho Brasileiro do Prêmio Orgulho Autista

sábado, 11 de junho de 2011

Desvendando a deficiência intelectual

Entrevista com Marina Almeida, consultora em Educação Inclusiva

Quem nunca ouviu, nunca disse ou pelo menos nunca pensou algo como: “as pessoas com deficiência intelectual são doentes; elas são muito dependentes e só têm ‘condições mentais’ de trabalhar em instituições especializadas”; “elas são como crianças e vivem num extremo: ou são agressivas ou são muito ‘grudentas’”? Isso já deve ter lhe ocorrido, ou não?
Há muitos mitos sobre a deficiência intelectual, mas felizmente há ainda mais verdades sobre ela. Para aprender a lidar melhor com os portadores dela, é preciso entender o que ela significa: não se trata de uma doença, e sim de uma “condição”, que pode, sim, ser consequência de uma doença.
Para saber mais sobre a deficiência intelectual e sobre como lidar com seus portadores, desvendando mitos e verdades, conversamos com Marina Silveira Rodrigues Almeida, psicóloga, pedagoga, psicopedagoga e consultora em Educação Inclusiva do Instituto Inclusão Brasil.
Revista Educação Pública – O que é deficiência intelectual?
Marina Almeida - Deficiência intelectual ou atraso mental é um termo que se usa quando uma pessoa apresenta certas limitações no seu funcionamento mental e no desempenho de tarefas como as de comunicação, cuidado pessoal e de relacionamento social. Essas limitações provocam maior lentidão na aprendizagem e no desenvolvimento dessas pessoas.
Revista Educação Pública – O que pode ocasionar a deficiência intelectual?
Marina Almeida - Os investigadores encontraram muitas causas da deficiência intelectual. As mais comuns são: condições genéticas; problemas durante a gravidez; problemas ao nascer; e problemas de saúde, como sarampo ou meningite, quando não são tomados todos os cuidados necessários. A má nutrição extrema ou a exposição a venenos como mercúrio ou chumbo também podem originar problemas graves para o desenvolvimento mental das crianças.
Nenhuma dessas causas produz, por si só, deficiência mental. No entanto, constituem riscos, uns mais sérios outros menos, que convém evitar tanto quanto possível. Por exemplo, uma doença como a meningite não provoca forçosamente atraso mental; o consumo excessivo de álcool durante a gravidez também não; todavia, constituem riscos demasiado graves para que não se procurem todos os cuidados de saúde necessários para combater a doença, ou para que não se evite o consumo de álcool durante a gravidez.
Revista Educação Pública – Quando vimos deficientes intelectuais inseridos na sociedade nos damos conta do quanto é possível que eles sejam independentes e capazes. Imagino que essa independência dependa do grau de deficiência e de como essa pessoa foi estimulada e preparada.
Marina Almeida - Os prejuízos no funcionamento adaptativo são usados como referência, já que é a maneira como cada um enfrenta as exigências próprias da vida e o grau em que põe em prática a independência pessoal, de acordo com sua idade e com as experiências socioculturais no contexto onde está inserido.
Sendo assim, sofre influências de vários fatores, dentre eles: características pessoais, oportunidades sociais, motivação, educação, treinamento, bem como suas necessidades práticas e suas condições médicas gerais.
Atualmente, deve-se levar em conta o grau de comprometimento funcional e não a classificação que leva em conta o QI, qual seja retardo leve, moderado, severo ou profundo. O importante é saber em que área a pessoa com deficiência intelectual necessita de apoio, observando critérios qualitativos (adaptativos) de avaliação que consideram mais a pessoa sob o ponto de vista das oportunidades e autonomia do que sua classificação (QI).
A discriminação em relação à pessoa deficiente ocorre por conta do contexto social, e não pela deficiência que apresenta; de sua limitação, e não das dificuldades inerentes à deficiência. Isso é o que temos encontrado nos empresários em geral quando precisam cumprir a lei de cotas.
Verificamos sérios mitos e estereótipos nesse impedimento da contratação. Citaremos alguns: não é bom para a imagem da empresa ter pessoas com deficiência intelectual; elas não se relacionam bem, cometem demasiadamente erros, não interagem com as equipes de empregados, apresentam dificuldades de arrumar postos de trabalho/vagas onde possam desempenhar-se com sucesso, não são competitivos e atrapalham a produção dos resultados da empresa etc.
Notamos que essas observações são baseadas em mitos e preconceitos em relação à pessoa com deficiência intelectual como alguém desprovido de maturidade, autonomia e independência.
Numa visão geral, o processo de exclusão historicamente imposto às pessoas com deficiência deve ser superado por intermédio da implementação de políticas inclusivas, ações afirmativas e pela conscientização da sociedade acerca das potencialidades dessas pessoas.
Para fins da inserção das pessoas com deficiência intelectual no mercado de trabalho, defendemos os princípios do Emprego com Apoio.
O deficiente intelectual, podendo ser uma pessoa com síndrome de Down, deverá ter as mesmas oportunidades para obter seu emprego; porém, dentro de sua singularidade, deverão ter respeitadas suas necessidades por meio dos níveis de apoio necessários para sua efetiva inserção no mercado de trabalho e redes de apoio necessárias para promover sua autonomia.
Revista Educação Pública – É preciso se policiar para não ser preconceituoso e tratar essas pessoas como eternas crianças. Falando sobre os adolescentes com deficiência intelectual, em especial, como devemos lidar com eles?
Marina Almeida - Lidar com a diversidade, seja ela com pessoas com deficiência, racial, social, econômica ou religiosa, não é fácil. Mas é tarefa de quem educa, pais ou professores. Porque aprender a viver em comunidade é saber lidar com as diferenças de qualquer natureza. Na era da globalização, o grande desafio reside na valorização de diferentes culturas para que elas se completem e se ajudem.
O preconceito nasce do medo e da ignorância. O exercício da tolerância só é possível por meio do conhecimento e passa pela consciência de que não somos donos da verdade. Mas uma pergunta é necessária: qual é nosso papel? Reproduzir a violência ou ajudar os nossos filhos numa análise crítica diante dos fatos e ter em nós como modelos respeitosos frente às diferenças?
Constantemente esquecemos que as crianças e adolescentes tiram lições mais proveitosas da nossa postura diária diante dos fatos do que de longos discursos teóricos. E isso acontece desde muito cedo. Eles observam nossa relação com a empregada, com o porteiro, com os funcionários da escola.
Nessa observação levam em conta não somente a forma como nos dirigimos a eles nos fatos mais corriqueiros, mas a maneira como lidamos com suas ideias a respeito do mundo. Tudo é registrado, ainda que inconscientemente: nossas inquietações, contradições – e quem não as tem? Mais importante do que evitar as contradições é conseguir conversar sempre com os filhos sobre o polêmico e sobre o já estabelecido, mantendo fortalecida uma dimensão afetiva, respeitosa e ética nas relações humanas.
A partir do reconhecimento de que temos preconceitos, é mais fácil mudar nosso comportamento e perceber que existem muito mais coisas que nos unem do que coisas que nos separam.
As pessoas com deficiência são pessoas como nós: têm sonhos, medos, esperança, raiva... Chegue perto delas e você vai comprovar isso.
Revista Educação Pública – Como deve ser um ambiente escolar que ajude a criança ou o adolescente com deficiência intelectual a se adaptar aos seus professores e colegas e vice-versa?
Marina Almeida - Nenhuma sociedade se constitui bem-sucedida se não favorecer em todas as áreas da convivência humana o respeito à diversidade. Para que haja um ensino produtivo e eficaz há de se considerar as características e peculiaridades de cada aluno. O sistema educacional deve direcionar as respostas que dará a cada um e a todos os seus alunos.
A escola deve ser o espaço no qual se deve favorecer a todos os cidadãos o acesso ao conhecimento e o desenvolvimento de competências, a possibilidade de apreensão do conhecimento historicamente produzido pela humanidade e de sua utilização no exercício efetivo da cidadania.
Escola inclusiva é aquela que garante a qualidade de ensino a cada um de seus alunos, reconhecendo e respeitando a diversidade e respondendo a cada um de acordo com suas potencialidades e necessidades.
Uma escola somente poderá ser considerada inclusiva quando estiver organizada para favorecer cada aluno, independentemente de etnia, sexo, idade, deficiência, condição social ou qualquer outra situação.


Você sabe lidar com alunos portadores de deficiência intelectual? Leia as dicas da professora Marina Almeida para professores e alunos.

Aprendizagem cooperativa: o professor coloca os alunos em grupos de trabalho, juntando alunos com dificuldades em determinada área com alunos mais habilidosos nesse assunto. Na aprendizagem cooperativa, os alunos trabalham juntos para atingir determinados objetivos. A descoberta de interesses mútuos permite a eles explorar assuntos junto com colegas que têm interesses comuns. As estratégias de aprendizagem cooperativa melhoram as atitudes diante das dificuldades de seus colegas com ou sem deficiência e, simultaneamente, eleva a autoestima de todos.
Estratégias de aprendizagem criança a criança: oferecem a oportunidade de compreender melhor as pessoas que, por qualquer motivo, são diferentes (maneira de vestir, crenças, língua, deficiências, raça, capacidades). Quando as crianças compreendem que toda criança é diferente, deixam de fazer brincadeiras cruéis e podem se tornar amigos.
Ensino por colegas: método baseado na noção de que os alunos podem efetivamente ensinar seus colegas. Nesse método, o papel de aluno ou de professor pode ser atribuído a qualquer aluno (com deficiência ou não) e alternadamente, conforme as matérias em estudo ou as atividades a desenvolver. Diversos estudos demonstram que os alunos que fazem o papel de professor podem, às vezes, ser mais eficazes que os adultos para ajudar a desenvolver a leitura ou ensinar conceitos de matemática. Pode ser que isso aconteça porque eles têm mais familiaridade com a matéria que está sendo ensinada, por compreenderem melhor a frustração dos colegas ou por usar vocabulário e exemplos mais adequados à sua idade. Além disso, a aprendizagem por intermédio dos colegas pode ser também positiva para as crianças que ensinam, melhorando seu desenvolvimento acadêmico e social.
Apoio entre amigos: é uma forma específica de aprendizagem com colegas na qual o envolvimento acontece principalmente com assuntos extraescolares. Por exemplo: um amigo pode ajudar um aluno com deficiência física a se sentar na carteira ou pode acompanhá-lo antes e depois das aulas.
Círculo de amigos: é uma estratégia para que os alunos de uma turma recebam um novo colega com deficiência e aprendam a conhecê-lo e ajudá-lo a participar de atividades dentro e fora da escola. Inicialmente, organiza-se uma espécie de “comitê de boas-vindas”, formado por alunos que diariamente poderão fazer visitas ou manter conversas por telefone com o novo colega e saber das suas experiências no novo ambiente escolar. O professor funciona como facilitador para criar o círculo de amigos e pode dar apoio, orientação e conselhos, à medida que o resto da classe vai sendo agregado ao círculo inicial.

Revista Educação Pública – Muitas vezes o educador precisa impor limites e até mesmo questionar e criticar seus alunos. Mas como fazer isso com os alunos com deficiência intelectual?
Marina Almeida - Da mesma maneira que faz com os demais alunos: com regras, sanções e elogios nas situações que logram sucesso.
Revista Educação Pública – Costumamos dizer que lidar com o ser humano é uma arte e um aprendizado diário. Você considera que o lidar com as pessoas com deficiência intelectual é se deparar com outro paradigma? O que o educador pode obter como aprendizado desse convívio?
Marina Almeida – Aprendemos muito com essas pessoas, como por exemplo:
  • a lidar com as diferenças individuais;
  • a respeitar os limites do outro;
  • a partilhar processos de aprendizagem.
  • a compreender e aceitar os outros;
  • a reconhecer as necessidades e competências dos colegas;
  • a respeitar todas as pessoas;
  • a construir uma sociedade mais solidária;
  • a desenvolver atitudes de apoio mútuo;
  • a criar e desenvolver laços de amizade;
  • a preparar uma comunidade que apoia todos os seus membros;
  • a diminuir a ansiedade diante das dificuldades.
Revista Educação Pública – Podemos dizer que educar é estimular os alunos a pensar sozinhos, a buscar suas próprias respostas, a questionar etc. Com relação a essas funções, quais são os diferenciais da educação de alunos com deficiência intelectual?
Marina Almeida - Quando recebemos um aluno com deficiência, somos estimulados a rever nossa prática e a buscar outras formas de ensinar. A cooperação em sala de aula pode ser um fator importante para a inclusão das pessoas com deficiência, pois permite interação e troca entre os alunos. O desenvolvimento de algumas estratégias pode ser decisivo para criar um ambiente de cooperação em que aqueles alunos que têm mais habilidades em alguma matéria possam ajudar aqueles com menos habilidades.
Educação Inclusiva pressupõe que todas as crianças tenham a mesma oportunidade de acesso, de permanência e de aproveitamento na escola, independentemente de qualquer característica peculiar que apresentem ou não. Para que isso ocorra, é fundamental que as crianças com deficiência tenham o apoio de que precisam, isto é, acesso físico, equipamentos para locomoção, comunicação (tecnologia assistiva) ou outros tipos de suporte. Mas o mais importante de tudo é que a prática da Educação Inclusiva pressupõe que o professor, a família e toda a comunidade escolar estejam convencidos de que:
  • o objetivo da Educação Inclusiva é garantir que todos os alunos com ou sem deficiência participem ativamente de todas as atividades na escola e na comunidade;
  • cada aluno é diferente no que se refere ao estilo e ao ritmo da aprendizagem, e essa diferença é respeitada numa classe inclusiva;
  • os alunos com deficiência não são problema. A Escola Inclusiva entende esses alunos como pessoas que apresentam desafios à capacidade dos professores e das escolas para oferecer uma educação para todos, respeitando a necessidade de cada um;
  • o fracasso escolar é um fracasso da escola, da comunidade e da família que não conseguem atender as necessidades dos alunos;
  • todos os alunos se beneficiam de um ensino de qualidade, e a Escola Inclusiva apresenta respostas adequadas às necessidades dos alunos que apresentam desafios específicos;
  • os professores não precisam de receitas prontas. A Escola Inclusiva ajuda o professor a desenvolver habilidades e estratégias educativas adequadas às necessidades de cada aluno;
  • a Escola Inclusiva e os bons professores respeitam a potencialidade e dão respostas adequadas aos desafios apresentados pelos alunos;
  • é o aluno que produz o resultado educacional, ou seja, a aprendizagem. Os professores atuam como facilitadores da aprendizagem dos alunos, com a ajuda de outros profissionais, tais como professores especializados em alunos com deficiência, pedagogos, psicólogos e intérpretes da língua de sinais.

segunda-feira, 6 de junho de 2011

Belle, artista além do autismo

Acrilica sobre tela 2 Belle 450x319 Belle, artista além do autismo fotos
“O Autismo não é algo que uma pessoa tenha, ou uma concha na qual ela esteja presa. Não há nenhuma criança normal escondida por trás do Autismo. O Autismo é um jeito de ser, é intrínseco, colore toda experiência, toda sensação, percepção, pensamento, emoção e encontro, todos os aspectos da existência. Não é possível separar o Autismo da pessoa. E se o fosse, a pessoa que você deixaria não seria a mesma com a qual você começou.” – Jim Sinclair – autista, 55 anos

Conheci o Trabalho de Belle Feier, hoje com 17 anos e diagnosticada autista aos 4, por casualidade, através de uma amiga cujo filho também é autista. Mães como minha amiga Cris e Kika, a mãe de Belle, que não têm vergonha e sim orgulho e buscam a inclusão de seus filhos na sociedade, permitem que possamos conhecer belas histórias de vida e de arte.
Belle desde pequena, mesmo antes de ser diagnosticada autista, gostava de desenhar. Sua única diferença nesse ponto comparada a outras crianças é que gostava de desenhar junto com seu pai sempre os mesmos desenhos, a rotina e repetição de padrão são características da criança autista.
Com o passar dos anos Belle não só desenhava, mas começou a pintar graças ao apoio de Valéria Llacer, professora de informática na APAE e também mãe de uma criança autista. Valéria ofereceu tela e tintas a Belle para que pintasse e levou uma tela pintada por Belle para um congresso europeu sobre arte autista. A tela de Belle ficou 2 anos sendo exibida na Europa em instituições ligadas ao autismo como maneira de difundir a idéia da arte no apoio e comunicação com autistas. Suas telas são caprichosas, muito coloridas, e com muitos detalhes. A exposição mostrou a beleza que ela pode produzir, como a arte produzida por ela é bela e equivalente à produzida por outras crianças com talento artístico.


Em Florianópolis, onde mora Belle, a psicopegadoga Sandra Lamb conseguiu o apoio de um restaurante da rota gastronômica de Florianópolis e Belle fez sua primeira exposição com 10 quadros, todos foram vendidos, fez uma segunda exposição com 15 telas e novamente vendeu tudo.
Não sou um grande crítico de arte, mas analisei o trabalho da Belle e facilmente a categorizaria como uma pintora Naïf sem denotar qualquer distúrbio. O fato de Belle ser autista só valoriza o seu trabalho porque além da qualidade estética é uma prova à sociedade que iniciativas como APAE, apoio de familiares e amigos, que respeitando limites e individualidades podem integrar crianças e adolescentes com autismo à sociedade. À Belle e sua arte desejo sorte e espero, agora que a conheço, poder estar presente em seu próximo vernissage.

Belle Vernissage 355x450 Belle, artista além do autismo fotosBelle pintando 450x337 Belle, artista além do autismo fotos
A jovem artista Belle Feier


Fonte

TDAH Hiperatividade e Legião Urbana

Pode até ser que Legião Urbana desconhecesse o que é TDAH, mas sua música descreve direitinho uma pessoa que possui este transtorno.
Confiram:
Legião Urbana

quinta-feira, 2 de junho de 2011

Déficit de atenção: 8 sinais aos quais os pais devem ficar atentos

O transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH) é uma doença cercada de controvérsia. Por atingir principalmente crianças, muito pais enxergam problemas onde eles não existem — sintomas isolados são comuns nesta fase da vida. Também há quem não preste atenção ao conjunto de sintomas que a caracterizam: quadros de desatenção, hiperatividade e impulsividade de maneira exacerbada. 
Há um grande número de crianças com a doença, reconhecida pela Organização Mundial de Saúde (OMS). Segundo dados da Associação Brasileira de Déficit de Atenção (ABDA), cerca de 3% a 5% das crianças brasileiras sofrem de TDAH, das quais de 60% a 85% permanecem com o transtorno na adolescência.
É preciso enfrentá-la cedo. Quando não diagnosticada e tratada, pode trazer sérios prejuízos a curto e longo prazo. Em crianças, é comum a queda no rendimento escolar, por causa de desorganização, da falta de paciência para assistir às aulas e estudar. Na fase adulta, o problema pode ser a causa de uma severa baixa auto-estima, além de afetar os relacionamentos interpessoais, uma vez que a pessoa tem dificuldades em se ajustar a horários e compromissos e, frequentemente, não consegue prestar atenção no parceiro.  
Confira abaixo oito desses sintomas que, quando aparecem com freqüência e em mais de um ambiente (escola e casa, por exemplo), podem servir como um alerta de que chegou a hora de procurar ajuda profissional.