domingo, 30 de junho de 2013

Cadela morre e menina de quatro anos escreve para Deus


Abbey, uma cadela de 14 anos, morreu em agosto de 2006. Segundo a tutora, sua filha de 4 anos, Meredith, não parava de chorar e comentar sobre a saudade que sentia de Abbey. Então, ela perguntou à mãe se poderia escrever uma carta para Deus para que, assim que Abbey chegasse ao Céu, Ele pudesse reconhecê-la.
Diante do consentimento da mãe, ela passou a ditar as seguintes palavras, enquanto a mãe escrevia:

“Querido Deus.
O Senhor poderia tomar conta da minha cadela? Ela morreu ontem e está aí no céu com o Senhor. Estou com muitas saudades dela. Fico feliz porque o Senhor a deixou conosco mesmo que ela tenha ficado doente. Espero que o  Senhor brinque com ela. Ela gosta de nadar e de jogar bola. Estou mandando uma foto dela para que assim que a veja, o Senhor reconheça logo que é a minha cadela. Eu sinto muita saudade dela. Meredith.”
De acordo com a mãe de Meredith, elas colocaram a carta em um envelope com duas fotos de Abbey junto de Meredith e endereçaram a “Deus no Céu”. Depois, escreveram o próprio endereço no remetente e Meredith colou um monte de selos na frente dizendo que era necessário para que a carta pudesse chegar até o Céu.
Divulgação
“Naquela tarde ela colocou a carta numa caixa do correio. Dias depois ela perguntou se Deus já tinha recebido a carta. Respondi que achava que sim. “, disse a mãe.
Passados alguns dias, quando a família estava voltando para casa, após um passeio ao Museu de História Natural, se deparou com um pacote embrulhado em papel dourado na varanda, com um cartão endereçado à Meredith em uma caligrafia desconhecida. Dentro do pacote, encontrava-se o livro escrito por Mr. Rogers, intitulado “Quando um animal de estimação morre”. Colada na capa interna do livro estava a carta de Meredith. Na outra página, estava colada uma das fotos enviadas pela menina, abaixo da inscrição “Para Meredith”. Ao virar a página, mãe e filha encontraram um bilhete cor de rosa, escrito à mão:
“Querida Meredith,
A Abbey chegou bem ao Céu. A foto, que você me enviou, ajudou muito e eu a reconheci imediatamente. Abbey não está mais doente. O espírito dela está aqui comigo assim como está no seu coração. Ela adorou ter sido seu animal. Como não precisamos de nossos corpos no Céu, não tenho bolso para guardar a sua foto. Assim, a estou devolvendo dentro do livro para você guardar como uma lembrança da Abbey. Obrigado por sua linda carta e agradeça à sua mãe por tê-la ajudado a escrevê-la e enviá-la a mim. Que mãe maravilhosa você tem! Eu a escolhi especialmente para você. Eu envio minhas bençãos todos os dias e lembre-se que amo muito vocês. A propósito, sou fácil de encontrar: estou em todos os lugares onde exista amor. Com amor, Deus”.

Autismo: uma nova fronteira para as pesquisas

Em visita ao Brasil, o biólogo Alysson Muotri, da Universidade da Califórnia, reuniu-se com o Ministro da Saúde, Alexandre Padilha, para propor a criação de um centro de excelência para estudos do autismo.


Neste sábado (29), o biólogo Alysson Muotri, uma das maiores referências mundiais em pesquisas sobre autismo, esteve em São Paulo, no Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da USP, para falar sobre as pesquisas que está desenvolvendo em seu centro de estudos na Universidade da Califórnia, em San Diego (EUA). A palestra - destinada a pais e mães e com apoio da CRESCER - contou ainda com a professora da USP Patrícia Brandão, que está à frente de uma pesquisa sobre autismo na Universidade, e teve abertura de Berenice Piana, cuja lei que leva o seu nome foi sancionada em dezembro de 2012, concedendo ao autista os direitos legais de todos os indivíduos com deficiência.
No evento, Muotri explicou como usa a tecnologia de células-tronco para entender o funcionamento dos neurônios de pessoas diagnosticadas com transtornos relacionados ao espectro autista.
Em seu centro de estudos, ele usa uma técnica que transforma células de pessoas adultas em células-tronco embrionárias, ou seja, células que ainda não são especializadas. Depois disso, é possível fazê-las se desenvolver novamente e diferenciá-las em células cerebrais. Como essas células tiveram origem em um indivíduo que já estava diagnosticado com um problema, é possível simular no laboratório o funcionamento dos neurônios daquele paciente em comparação com uma pessoa saudável.
A partir dessas comparações, o grupo de estudo de Muotri já conseguiu identificar uma série de diferenças na estrutura dos neurônios e como essas células respondem em conjunto (o que ajuda a entender como funciona o cérebro desses pacientes). A maior parte das pesquisas está sendo feita com portadores da Síndrome de Rett, que faz parte do espectro autista.
Outra vantagem de ter essas células em laboratório é a possibilidade de testar drogas sem precisar de voluntários num primeiro momento. Isto é, os cientistas conseguem observar a reação das células e de diversas moléculas que podem se transformar em remédios eficazes. Claro que depois do teste em laboratório é necessário fazer os testes clínicos, mas a técnica pode reduzir os custos desse processo. Por enquanto, nenhum medicamento foi validado por meio desse procedimento, até porque ele ainda é muito novo, mas é uma aposta dos pesquisadores.
Um grande número famílias enxerga no pesquisador a possibilidade de encontrar a cura para seus filhos. No entanto, durante a palestra, ele fez questão de esclarecer que ainda serão necessárias muitas pesquisas clínicas e laboratoriais para atingir esse sonho.
Outra novidade trazida pelo biólogo é que, como nos Estados Unidos já há grupos de estudo voltados para o autismo há quase uma década, também está sendo possível fazer pesquisas avaliando o histórico dos pacientes. A partir daí, há cientistas que buscam entender qual a diferença entre aqueles que evoluíram bem após alguns tratamentos e aqueles que quase não apresentaram melhoras.
Incentivo para a pesquisa nacional
A vinda de Muotri ao Brasil, no entanto, teve ainda outro objetivo. Na última quinta-feira (27), o cientista se reuniu com o Ministro da Saúde, Alexandre Padilha, e alguns representantes da sociedade civil para propor a criação de um centro de excelência para estudos do autismo. O projeto surgiu por conta de seu interesse nessa área e do contato com pais brasileiros e pesquisadores.
A proposta é que o governo federal invista inicialmente 100 milhões de dólares para a criação de um centro onde seja possível realizar pesquisas, ensaios clínicos e testar possbilidades de tratamento. Segundo Muotri, o Brasil tem a possibilidade de sair à frente nessa área. Aqui já estão sendo desenvolvidos projetos em consonância com sua linha de pesquisa, como o Fada do Dente, coordenado pela professora da USP Patrícia Beltrão Braga, uma iniciativa inédita na América Latina.
O governo ainda não deu nenhum sinal de que colocará o projeto em prática, mas a conversa desta semana pode ter sido o pontapé inicial para uma nova realidade das pesquisas sobre o transtorno do espectro autista no país. Sobre cura ainda é difícil falar, mas como bem disse Muotri durante a palestra, citando Bill Gates: “Sempre superestimamos as mudanças que vão acontecer nos próximos dois anos e subestimamos as mudanças que acontecerão nos próximos dez. Não se deixe adormecer pela inércia.”

sexta-feira, 28 de junho de 2013

Objetos pedagógicos inovadores favorecem a aprendizagem de alunos com autismo


Débora Motta
                                                                                          Divulgação
       
       Entrega do jogo de atenção conjunta: a partir da esq., Janete
       Cícero, do INT; Magda Carvalho e Simone de Oliveira, da
       Escola M. Mariza Azevedo; e o coordenador Saul Mizrahi, do INT
 
Com dificuldades de interagir socialmente e de se comunicar, e um padrão restrito e repetitivo de comportamento, as crianças com autismo muitas vezes se fecham em um mundo particular. Para utilizar a tecnologia em benefício da aprendizagem dos estudantes com esse perfil, um projeto coordenado pelo engenheiro eletrônico e doutor em engenharia de produção Saul Eliahú Mizrahi, do Instituto Nacional de Tecnologia (INT), resultou em produtos inovadores que vêm sendo utilizados como recursos pedagógicos para o suporte e a inclusão de alunos com deficiência, entre elas o autismo, em escolas públicas municipais.
São objetos didáticos, como o Relógio de Parede e o Quadro de Atividades Diárias, que ajudam os alunos autistas a delimitar sua rotina, estimulando sua noção de percepção do tempo; o Jogo de Atenção Conjunta, para auxiliar os autistas a compartilhar o foco de atenção com outra pessoa enquanto ambos se concentram num mesmo objeto ou realizam uma mesma atividade; e o Jogo da Memória, para estimular a concentração e o aprendizado. Há ainda um boneco em tamanho natural e com expressões faciais, que ajuda na identificação das emoções humanas – dificuldade comum entre os autistas; e uma prancheta, tipo cavalete, para desenho e reprodução de imagens, que facilitam a comunicação visual. Os produtos foram desenvolvidos por pesquisadores da área de Divisão de Engenharia de Avaliações e de Produção (Deap), com design projetado pela área de Desenho Industrial do INT, e são fabricados pela empresa Mamulengo Brinquedos Educativos e Pedagógicos. O projeto foi contemplado pelo edital Apoio à produção de material didático para atividades de ensino e/ou pesquisa, da FAPERJ.
A concepção dos objetos pedagógicos do INT – instituição com expertise em desenho industrial e produção de softwares –ocorreu a partir das demandas relatadas pelos professores da Escola Municipal Especial Professora Mariza Azevedo Catarino, em São João de Meriti, na Baixada Fluminense, referência na educação de alunos com espectro autista, e nas discussões com especialistas da Fundação Municipal de Educação de Niterói (FME), da Universidade Federal Fluminense (UFF) e da Universidade Estácio de Sá (Unesa), parceiros no projeto.
De acordo com o coordenador, as pesquisas com esses parceiros foram o primeiro passo para conhecer as necessidades de produção de objetos pedagógicos profissionais para serem utilizados por pessoas com autismo em sala de aula. “Como não havia uma linha profissional de produtos para pessoas com autismo, muitos educadores improvisavam objetos pedagógicos de forma artesanal, com materiais pouco duráveis, como papel”, disse Saul. A partir dessas demandas, o INT gerou pedidos de depósito de patentes e inovação, com produtos tecnológicos produzidos pela empresa Mamulengo. “O objetivo é que os produtos sejam fabricados e comercializados a preços acessíveis, para ser adquiridos por profissionais de educação e saúde, tornando-se uma ferramenta profissional para o aprendizado de alunos com autismo”, destacou.
A pesquisadora Janete Rocha Cícero, da linha de pesquisa Tecnologia Assistiva para Educação Inclusiva, do INT, explica que a participação dos educadores parceiros é fundamental também na etapa atual do projeto, voltada para a avaliação e aprimoramento dos objetos pedagógicos já fabricados. “Eles estão sendo testados nas escolas públicas municipais de Niterói e São João de Meriti. Os resultados de sua utilização em sala de aula e também na residência dos alunos com autismo estão sendo relatados, ao longo de 2013, por profissionais das áreas de educação e familiares”, disse Janete.
    Reprodução
        
   Quadro de atividades: um dos objetos  pedagógicos para autistas criados pelo INT  
Segundo Janete, o projeto tem o mérito de colocar a tecnologia desenvolvida no âmbito acadêmico a serviço dos professores da rede municipal, para promover a inclusão. “A área de pesquisa em Tecnologia Assistiva para Educação Inclusiva do INT, que já existe há dez anos, tem um vasto potencial de pesquisa e desenvolvimento, com resultados de inovação em curto prazo, obtidos com poucos recursos, mas que fazem a diferença para a sociedade”, afirmou Janete.
O apoio da Fundação ao projeto, e a outros desdobramentos dessa linha de pesquisa no INT, já ocorre desde 2006. “A FAPERJ esteve presente ao longo de diversas etapas da pesquisa em Tecnologia Assistiva para Educação Inclusiva do INT, que já foi contemplada três vezes pela Fundação”, disse. Para ele, o fomento vem gerando resultados concretos e pode ser o diferencial para o aprendizado de pessoas com autismo. “Quanto mais cedo a criança receber estímulos pedagógicos em sala de aula, maior a possibilidade de que os traços autísticos se reduzam”, concluiu.
O projeto conta com o apoio de uma equipe multidisciplinar, que envolve professores, psicopedagogos, fonoaudiólogos, engenheiros, designers e psicoterapeutas. No INT, além de Saul e Janete, participam os designers Luís Motta, Gil Brito e Pedro Braga; os bolsistas Augusto Nunes, Evellyn Pinto, Wellington Albuquerque e Matheus Barbosa; e a doutora em engenharia de produção Dayse Arruda. Na UFF, a equipe conta com a participação da doutora em educação Valdelúcia Costa e da doutora em psicologia Dayse Serra; e na Universidade Estácio de Sá, de Nelma Pintor, que é coordenadora de educação especial da Fundação Municipal de Educação de Niterói; além das professoras da rede municipal de Niterói Rosana Prado e Ana Cristina Prado.
Outras frentes de trabalho para a inclusão
O projeto inclui o uso de uma tecnologia desenvolvida na instituição que pode ser utilizada por alunos com outras deficiências, como visual e auditiva. Trata-se do software Sigesc Web, uma ferramenta de gestão de ensino na rede pública, que confere agilidade na observação e proposição de alternativas educacionais para esses estudantes. “O software permite o armazenamento de dados e o mapeamento da evolução dos alunos com deficiência incluídos nas escolas. Os alunos com autismo estão sendo avaliados por ele, mas a ferramenta também pode ser aplicada, nas escolas, a alunos com outras deficiências", disse Saul.
Da mesma forma, outro software desenvolvido no INT que pode atender a alunos com diversas deficiências é o Sigesc Ava – Ambiente Virtual de Aprendizagem Cooperativa. “Essa ferramenta permite a inclusão e reprodução, em diferentes mídias, dos tópicos informacionais ou institucionais a serem exibidos conforme a necessidade identificada. A funcionalidade contempla a reprodução das informações em Libras, a linguagem brasileira de sinais, através de vídeo, e de texto e som”, destacou Saul.
                                                                                Tais Salazar
   
 Seminário de Educação Inclusiva de Niterói lotou o Auditório
 Florestan Fernandes, da Facudade de Educação da UFF
Como desdobramento do projeto contemplado pela FAPERJ, o INT promoveu na quarta-feira, 26 de junho, o “I Seminário de Educação Inclusiva de Niterói: tecnologias educacionais e inclusão social”. O debate foi realizado em Niterói, no Auditório Florestan Fernandes e na Sala Paulo Freire, da Faculdade de Educação da UFF. O seminário teve como objetivo propiciar o intercâmbio científico para o favorecimento da educação inclusiva, com ênfase nas políticas públicas de educação especial na perspectiva da inclusão, práticas pedagógicas inclusivas, material didático e tecnologia assistiva para alunos com deficiência, contribuindo com a consolidação do processo de educação inclusiva em escolas municipais do estado do Rio de Janeiro. O evento, que também teve apoio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), teve 400 inscritos e contou com a presença de profissionais e estudantes de educação e saúde de diversos municípios. A mesa de abertura teve a participação do secretário de Educação, Ciência e Tecnologia de Niterói, Waldeck Carneiro, do secretário de Acessibilidade e Cidadania de Niterói, João Batista Carvalho e Silva, da coordenadora de Desenvolvimento Humano e Social do INT, Andrea Lessa, da professora Valdelúcia Alves da Costa, da UFF, da professora Nelma Alves Marques Pintor, da Fundação Municipal de Educação de Niterói/UFF/Unesa), e do pesquisador Saul Eliahú Mizrahi.
O INT é uma das 25 instituições selecionadas para compor a Rede de Tecnologia Assistiva, coordenado pelo Centro Nacional de Referência em Tecnologia Assistiva (CNRTA) do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI). Essas unidades serão responsáveis pela elaboração de projetos de pesquisa, desenvolvimento ou inovação voltados à melhoria da qualidade de vida de pessoas com deficiência ou com mobilidade reduzida. Dezoito estados e o Distrito Federal tiveram núcleos habilitados pela ação, que integra o Plano Nacional dos Direitos da Pessoa com Deficiência – Viver sem Limite, lançado pela presidenta Dilma Rousseff em fevereiro de 2011. Mais informações sobre o projeto e sobre a linha de pesquisa Tecnologia Assistiva para Educação Inclusiva estão disponíveis no blog: http://escolainclusiva.int.gov.br 

quinta-feira, 27 de junho de 2013

Bel Kutner: "Quem tem uma pessoa autista na família, tem que pedir ajuda"

“Há dez anos eu não me imaginava tão 'Joana' assim. Mas além da maternidade me transformar muito, sempre tive uma necessidade de ordem, porque eu tenho uma cabeça muito caótica, muito germiniana, de que eu posso tudo, que eu quero tudo. Hoje sou menos ‘oba oba’, mais prática.”
Bel é mãe de Davi, sete anos, diagnosticado com síndrome de esclerose tuberosa e autismo. Bel é filha da atriz Dina Sfat , que morreu em 1989 aos 50 anos, de câncer, quando ela tinha 18. Bel é também filha do ator e diretor  Paulo José , que hoje enfrenta o mal de Parkinson. Bel é quem cuidou da mãe e é Bel também quem provém cuidados e carinhos ao filho e ao pai.
O histórico médico e as experiências com a família, claro, acabaram transbordando para a enfermeira Joana. “A gente sempre tenta fazer as duas mãos com a personagem. Eu aprendo muito e empresto meu conhecimento pelo assunto. Sou bem disponível para cuidar de outra pessoa, organizar remédios, até trocar as roupas se for o caso. Tem gente e que não pode ver sangue, problema que eu nunca tive.”
Divulgação/TV Globo
Bel Kutner na pele da enfermeira Joana em "Amor à Vida"
iG: Você sempre fez personagens mais cômicos. É muito diferente enfrentar uma personagem densa como a Joana? Isso muda alguma coisa em você? Bel Kutner: Claro! Já foi assim quando eu vivi a Marialva, de "Gabriela", que era muito infeliz, deprimida, bem diferente de tudo que já fiz. A Joana é uma mulher muito séria, quieta e interessante, bem diferente do meu temperamento. Então estou podendo exercitar essa contenção, que é característica dela. Eu sou bagaceira, não adianta, não sei ser contida. Quanto a interferir na minha personalidade, pelo contrário, saio de lá querendo extravasar tudo o que eu tenho direito.
iG: Na novela você vive uma enfermeira. Fora dela cuida de seu pai (que tem Parkinson há 15 anos) e cuidou de sua mãe com câncer até a morte. Todo esse histórico te ajudou na construção da Joana? Bel Kutner: Com certeza. A gente sempre tenta fazer as duas mãos com a personagem. Aprendo muito e empresto meu conhecimento pelo assunto. A questão de medicina, saúde, de cuidar de alguém sempre me despertou muito interesse. Sou uma pessoa bem disponível para cuidar de outra pessoa, organizar remédios, até trocar as roupas se for o caso. Tem gente que não pode ver sangue, problema que eu nunca tive.
iG: Você também tem que dar uma atenção a seu filho Davi (diagnosticado com síndrome de esclerose tuberosa e autismo). Como ele está? Bel Kutner:  Pois é, ninguém aqui tem uma vida regradinha. Minha vida é muito organizada em função do trabalho e do meu filho. E eu ainda tenho um namorado maravilhoso, mas que é super atarefado e dedicado à vida profissional dele, então a gente vai dando o nosso jeito sempre. O Davi está ótimo, fofo, enorme e cheio de atividades. Já está com sete anos, falando pelos cotovelos, vivendo no tempo dele. 
iG: Quais são as dificuldades de criar um filho autista? Bel Kutner: Acho que quem tem uma pessoa autista na família tem que pedir ajuda, tem que estar com outras pessoas, porque não têm dois autistas iguais, mas têm vários pontos em comum entre eles. A família precisa muito de tratamento. As pessoas que convivem com essa doença precisam de apoio, orientação, um direcionamento e tratamento, porque têm coisas especificas que você passa. Com uma criança autista, você pode criar um mal habito que pode virar um condicionamento errado, e daí para mudar esse padrão é muito pior. O autista precisa de uma atenção dez vezes maior. É muito delicado, porque na melhor das intenções, você pode estar diminuindo a autonomia daquele indivíduo.
iG: E como é o dia-a-dia do Davi? 
Bel Kutner: Estou com ele todos os dias, todas as horas e momentos que não estou trabalhando. Ele frequenta um curso que tem várias atividades especificas com crianças portadoras de autismo, além de ter contato com psiquiatras, psicólogos, fonoaudiólogo. Neste centro que eu vou, também tem a terapia para os pais. É um acompanhamento bom que eu faço.
AgNews
Bel Kutner e Davi passeando pelo Rio de Janeiro
iG: O autismo é abordado na novela através da persoanem da Bruna Linzmeymer. Acha que ela e o núcleo estão conseguindo passar o que acontece com as famílias que convivem com a doença? 
Bel Kutner:  A Bruna está perfeita e a família também. É daquele jeito mesmo: muitas crianças ficam isoladas, o que não pode. A novela vai mostrar uma coisa muito bacana, que o autista na verdade está atento a tudo, percebendo muito mais do que as pessoas imaginam, ouvindo tudo, mas não consegue muitas vezes se expressar. O que é comum são as pessoas falarem coisas na frente de crianças e até de adultos autistas, que não poderiam, alegando que eles não entendem, que não escutam, que só vão ficar prestando atenção na mão delas, nos desenhos. Isso não é verdade.
Tudo que tive vontade de fazer, eu fiz. Tem gente que já me achou mega louca. O que eu posso te garantir é que eu não rasgo dinheiro e tento evitar um pouco as coisas ilegais, então está tudo certo”
iG: Acha que a novela pode ajudar a desmistificar um pouco o assunto? 
Bel Kutner:  Sim, é maravilhoso e emocionante ver o assunto sendo explicado em uma novela. Acho que vai ajudar a criar uma consciência nas pessoas, mesmo quem não tem nada a ver com o assunto, de que isso existe e precisa, no mínimo, ser respeitado. Algumas situações ficam muito desagradáveis por pura ignorância das pessoas. Muitas vêm abordar de uma maneira errada, com preconceito. 
iG: Pode dar um exemplo? 
Bel Kutner: Ah, às vezes você está em um lugar e a criança começa a ter um ataque e você não tem o que fazer, você não deve privar, mas aí tem que escutar: ‘Essa mãe aí, toda nervosa, toda estúpida, estressada...’, ou ainda, ‘Nossa, olha essa mãe passiva, que está deixando o filho se jogar no chão’. Dependendo do que a criança tem, se os pais tentarem segurar, é pior, se tentar gritar, é pior. E o que você aconselha a uma pessoa dessa? Deixar o filho trancado em casa? É muito pior. É importante para eles terem contato com o mundo. 
iG: Acha que isso é pior no Brasil? 
Bel Kutner:  Em países como a Inglaterra, você sai com uma melancia na cabeça que ninguém olha na sua cara. Agora, no Brasil, onde todo mundo é muito íntimo, tem um lado mais quente, que é muito bom, mas também muito ruim, as pessoas te abordam de uma maneira muito invasiva. Acho que se você vê que alguém tem alguma coisa diferente, você não precisa ficar se expressando, está claro a diferença, até porque a primeira impressão das pessoas é muitas vezes infantil. Já apontaram na cara do meu filho pra perguntar: ‘o que ele tem?’. É desagradável.  



domingo, 23 de junho de 2013

18 de Junho - Dia do Orgulho Autista - Câmara de Vereadores de Caxias do Sul

Neri comenta sobre o Dia do Orgulho Autista

O parlamentar leu relato de mãe de um menino que sofre de autismo


O Dia do Orgulho Autista, celebrado ontem, mereceu o destaque do vereador Neri Carteiro/DEM. Na sessão ordinária desta quarta-feira (19/06), o parlamentar aproveitou para ler o relato de mãe de um menino que sofre de autismo. Disse que a família do rapaz tem enfrentado diversas dificuldades por conta da síndrome, devido, sobretudo, à discriminação e à falta de preparo de professores, apesar da vontade deles de ajudar. "Para ela, o orgulho estaria em enfrentar todas as adversidades", comentou Neri.
A vereadora Denise Pessôa/PT destacou o trabalho da Associação de Pais e Amigos de Autistas de Caxias do Sul. Leu outro texto, com a manifestação de um autista. O vereador Mauro Pereira/PMDB saudou a manifestação de Neri.
19/06/2013 21:22
Assessoria de Comunicação
Câmara de Vereadores de Caxias do Sul


Características da Síndrome de Asperger


Você conhece o autismo?
Sabia que pessoas sinceras e verdadeiras sentem dificuldade em olhar nos olhos?
Conheça algumas características!



domingo, 16 de junho de 2013

18 DE JUNHO - DIA DO ORGULHO AUTISTA - VIII PRÊMIO ORGULHO AUTISTA 2012/2013


VIII PRÊMIO ORGULHO AUTISTA 2012/2013

Anualmente, desde 2005, são premiadas pessoas, entidades e organizações, escolhidas através de votação realizada pelos membros do Conselho Brasileiro do Prêmio Orgulho Autista.
O Prêmio Orgulho Autista visa destacar aqueles que direta ou indiretamente contribuíram significativamente para a melhoria da qualidade de vida das pessoas diagnosticadas autistas e suas famílias.
A entrega do Prêmio Orgulho Autista é realizada, tradicionalmente, nos estúdios da Rádio Nacional, em Brasília. Neste ano de 2013, os vencedores receberão a premiação no dia 17 de junho, véspera do Dia do Orgulho Autista, quando deverão conceder uma entrevista pessoalmente ou por telefone, das 10h às 12h, com transmissão ao vivo para todo o território nacional.

Muito obrigado.

Fernando Cotta
Presidente
Conselho Brasileiro do Prêmio Orgulho Autista

VENCEDORES DO VIII PRÊMIO ORGULHO AUTISTA 2012/2013

I- Livro Destaque:

AUTISTA COM MUITO ORGULHO - A SÍNDROME VISTA PELO LADO DE DENTRO
AUTOR:CRISTIANO CAMARGO, SÃO PAULO: EDITORA VERVE, 2012
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II - Diretor e Escola Destaque:

SANDRA SOUZA
SITIO ESCOLA MUNICIPAL ESPAÇO DE INTEGRAÇÃO DO AUTISTA(SEMEIA)
VOLTA REDONDA / RJ
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III - Professor Destaque:

ADRIANA DA COSTA
COLÉGIO DE APLICAÇÃO (UFSC)
FLORIANÓPOLIS / SC
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IV - Médica Destaque

SIMONE PIRES
MÉDICA DAN
SÃO PAULO
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V - Psicóloga Destaque

JOANA TEIXEIRA PORTOLESE 
AUTISMO & REALIDADE
SÃO PAULO
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VI - Político Brasileiro Destaque

MARA GABRILLI – DEPUTADA FEDERAL
SÃO PAULO
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VII - Imprensa Rádio Destaque

CAROLINA MORAND – RÁDIO CBN – EM 02/04/2012
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VIII - Imprensa Televisão Destaque

LEDA NAGLE
TV BRASIL – PROGRAMA SEM CENSURA
RIO DE JANEIRO
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IX - Imprensa Escrita - Revista Destaque

CAROLINA SAMORANO – REVISTA DO CORREIO - EDIÇÃO DE 21/10/2012
MATÉRIA: O BRILHO DE UM MUNDO PARTICULAR
BRASÍLIA
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X - Imprensa Escrita - Jornal Destaque

ALISSON COELHO – JORNAL ZERO HORA EDIÇÃO DE 19/06/2012
MATÉRIA: COMUNHÃO DE ADOLESCENTE COM AUTISMO CAUSA POLÊMICA
PORTO ALEGRE-RS
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XI - Imprensa Fotografia/ Arte Destaque

RICARDO JARDIM
DESIGNE - CRIADOR DO LOGOTIPO DIA DO ORGULHO AUTISTA
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XII - Internet Destaque

CÍNTIA LEÃO SILVA 
SÃO PAULO
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XIII - Pessoa e Organização Não-Governamental Destaque

BERENICE PIANA DE PIANA
GRUPO DE PAIS MUNDO AZUL
RIO DE JANEIRO
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XIV - Pessoa e Órgão Público ou Empresa Privada Destaque

MAURO CAMPBELL MARQUES
SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA
MANAUS/AM
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XV - Atitude Destaque

ALYSSON R. MUOTRI
BIÓLOGO E PESQUISADOR
EUA

sábado, 15 de junho de 2013

18 de Junho - Dia do Orgulho Autista


Dia 18 de Junho é o Dia do Orgulho Autista!
Mas como posso sentir orgulho de uma data referente a síndrome que afeta meu amado filho? Que o limita, que não o permite sentir a vida como as outras pessoas?
Não bastando suas próprias limitações, enfrentamos a discriminação, o preconceito, a falta de preparo dos profissionais da saúde e de quem atende o público em geral. 
Enfrentamos a falta de informação!
Os professores não recebem preparação nenhuma para incluir os autistas, apesar da  verdadeira vontade em ajuda-los. 
A exclusão social é imensa! Não há oportunidade no mercado de trabalho e nem mesmo para o lazer!
Orgulho de quê? 
Pois bem, existe um orgulho imenso de superar tudo isso! 
Orgulho de sermos fortes! Orgulho do nosso amor! Orgulho da nossa luta! Orgulho da nossa família! Orgulho dos nossos amigos! Orgulho da escola que oferece verdadeira oportunidade e está conosco! Orgulho das crianças, colegas e famílias que apoiam! Orgulho dos profissionais comprometidos! Orgulho de quem nos dá a mão! 
Mas acima de tudo: orgulho deste filho lutador!
Meu filho é o maior lutador que conheço! Ele já é considerado por mim um verdadeiro herói! 
Às vezes me pergunto se ele tem realmente noção do amor que temos por ele... 
Nossa vida pode até não ser fácil, mas a força desse amor nos faz enfrentar qualquer obstáculo, qualquer ignorância! 
O amor nos move! O amor nos faz andar! Sinto orgulho de tanto amor entre nós!
Meu filho percebe o mundo de forma diferente e as pessoas "normais" geralmente não entendem quando ele tem alguma atitude inadequada e passam a julga-lo. Tão pequeno, tantos julgamentos...
Às vezes o vejo tampando seus ouvidos para vedar o barulho externo, que para ele é dolorido.  Gostaria tanto de poder estar em seu lugar, mas este é o meio que ele encontrou para se defender do incomodo e eu me orgulho! 
Ele vai tentando encontrar meios para poder cada dia conviver melhor em nossa sociedade e eu tirando uma verdadeira lição. 
Afinal, quantas coisas pequenas usamos como empecilho de agirmos? Meu filho não se detém às coisas pequenas, ele luta pelas básicas, aquelas que já nascemos com.
Às vezes meu garotinho se agita por não conseguir se comunicar, se expressar, não ser compreendido por ninguém e continua tentando, tentando e tentando... Alguns acham graça e ele volta a tentar. Quando cansado, se distrai com um cordão e depois volta a tentar... Ele pode até se jogar no chão, mas logo volta a tentar.
Sim, eu me orgulho! Sinto muito orgulho do meu filho, meu lutador! Sinto muito orgulho do aprendizado que nos trouxe! Sinto muito orgulho em poder dizer que as pessoas que fazem parte da nossa vida, são selecionadas por Deus! Sinto orgulho dos parceiros de caminhada movidos por esse enorme amor! Sinto orgulho por estarmos sempre com quem pode se orgulhar por fazer algo por alguém,  por amar verdadeiramente alguém!
Não importa o que houver, estarei sempre com você! Estarei sempre contigo para ser feliz ou sofrer! Estarei sempre orgulhosa em o ver  fazendo sempre o melhor que puder! 
Sinto orgulho da pessoa lutadora que és, meu amado filho Ângelo!

Fica minha homenagem a todos os autistas, suas famílias e todos que se dedicam a eles. Em especial, meu filho Ângelo de 7 anos, que está dentro do espectro autista.

Ana Paula Pacheco


sexta-feira, 14 de junho de 2013

Rapaz passa fome e está largado à própria sorte



ABANDONO – Moradores do Cianortinho se sensibilizam, mas podem fazer muito pouco pelo rapaz

Em frente à calçada, o mau cheiro exalado repele os pedestres e os mosquitos marcam presença. Não é um saco de lixo, nem um cão abandonado; é um rapaz de 27 anos. Seu nome é David. Os vizinhos, moradores da Rua Timbiras, sentem-se de mãos atadas diante da situação do rapaz, que passa os dias em um triciclo. Ele não fala, mas é perceptível que entende tudo que ocorre a seu redor. 
“Um doente não pode cuidar de outro”, resume a incansável professora Ana Floripes, que utilizou sua tarde de folga para ir conhecer David. Sua mãe e o padrasto não tem condições de cuidá-lo.
“O David é essa situação que vocês estão vendo aí de abandono. Ele passa fome, tem dor, fica embaixo de chuva. Ele tinha a avó que cuidava, ela morreu há uns cinco meses e é isso aí. A gente que acaba dando alguma assistência para ele”, explica uma moradora.
A vizinhança conta que eles tentam alimentá-lo, mas tem medo dele se engasgar. Uma moradora relata que há poucos dias David estava com tanta fome que saiu gritando pela rua. “Eu fiz abacate amassado, mas eu não conseguia chegar perto dele de tanto que ele fedia. Eu ficava com ânsia de vômito. Então minha filha, que tem o estômago mais forte, me ajudou e deu a comida a ele. Ele gritava, passava a mão no estômago mostrando que estava faminto, era desesperador ver o jeito dele”.

David é conhecido na rua, principalmente dos moradores mais antigos que o viram crescer. Aos poucos homens e senhoras se aproximam para testemunhar a sua trajetória. “Eu moro aqui há trinta anos. Tem noite que não durmo de pena em saber o quanto esse rapaz tem sofrido e ninguém toma nenhuma providência”, desabafou uma senhora.
“A polícia nem vem mais aqui, porque não sabem o que fazer com ele. Mas quando ele avista o carro ele faz sinal que quer ir embora junto. Na cabeça dele ele vai ser mais feliz se a viatura levar ele daqui”, narrou outra vizinha.
A mãe do rapaz relatou que ficou 120 dias sem água e que emprestava da vizinha para banhar David. Unânimes, os vizinhos relatam problemas de alcoolismo do casal.
David não frequenta escola, não vai a médicos, não tem lazer, nem perspectiva de um dia sair da escuridão em que está enfiado. David não existe nas estatísticas. “A vida do David é esse triciclo. Tem dias que até embaixo de garoa ele está na rua. Eu fico me perguntando onde estão as autoridades que não ajudam esse rapaz”, desabafou uma moradora.
David está atento a tudo. Um fio de baba cai de sua boca. Mosquitos assentam em suas costas e cabeça. Ontem, ele ganharia fraldas. A mãe, um botijão de gás. Os vizinhos, a esperança de ver um ser humano olhado por seus pares. David, certamente, não tem título de eleitor.