Sabrina Alves –
A Reportagem do Jornal de Uberaba (JU) foi procurada, no início desta semana, pela auxiliar de serviços gerais Regina Silva, que relatou os maus cuidados que seu filho, G. R. J., de 6 anos, portador de autismo, sofreu na última quarta feira, 30 de maio, na escola onde estudava há mais de 3 anos.
Segundo Regina, o avô do garoto, o Sr. Fabiano Ferreira da Silva, como todos os dias, por volta das 12h, foi buscá-lo na escola. Ao chegar, tocou a campainha, mas foi informado de que o garoto ainda não estava pronto. Desconfiado, o Sr. Fabiano ainda permaneceu por algum tempo no portão, aguardando o neto vir ao seu encontro.
“Depois de um tempo aguardando meu filho sair, meu pai ficou preocupado e tocou novamente a campainha. Ao abrir o portão, uma funcionária disse que estava acontecendo um ‘probleminha’ com o menino. Então, ao escutar os gritos do neto, ele foi em direção ao som e presenciou meu filho trancado em uma sala. Desesperado, meu pai pediu socorro a um vizinho, que lhe emprestou um ‘pé de cabra’, conseguindo, assim, arrombar a porta”, relata Regina.
O Sr. Fabiano Silva, em entrevista, afirmou que, após o arrombamento da sala, se deparou com o neto aos gritos e pôde ver um vidro quebrado no local. “Quando arrombei a sala, que estava vazia, vi um vidro quebrado. Pode até ter sido G., que, ao ficar nervoso, o quebrou. Contudo, somente depois ter arrombado o local, é que a coordenadora da escola, Greice Rodrigues, chegou e falou possuía as chaves”, conta.
O pai do garoto, Eliseu Januário, após o relato do avô e da mãe da criança, foi à escola para buscar mais esclarecimentos. Segundo Eliseu, a coordenadora da escola, Greice Rodrigues, informou que a porta estava apresentando problemas, trancando sozinha, e que o menor, ao entrar na sala, acabou ficando trancado. “A coordenadora da escola, claro, não confirmou o contrário. Mas eu conheço uma ex-funcionária do estabelecimento, a qual me confirmou que meu filho ficou trancando nesta sala por outras vezes e que sempre ficava isolado das outras crianças, principalmente no horário do almoço. Ele estuda nessa escola desde os 2 anos de idade, ou seja há mais de 3 anos. O que nos deixou chateados é a conduta da instituição, pois sempre estávamos presentes. Quando não era eu, era o avô ou a mãe. E sempre escutamos que ele não apresentava nenhum tipo de problema”, afirma o pai.
A diretora da escola, Meire Martins, informou que, na ocasião, não estava na unidade do Parque das Américas, e sim na unidade 1, no bairro Fabrício, e que se orientou pelas informações da coordenadora daquela unidade, Greice Rodrigues. “A coordenadora me informou que ele era totalmente fora do ‘eixo’ e que sempre apresentou um comportamento diferente das demais crianças. No dia em que o garoto ficou trancado, todas as crianças estavam brincando no parque e, por ser uma criança incontrolável, ele saiu correndo e se trancou dentro da sala. Sempre informamos aos pais e ao avô sobre a situação do aluno, que em momento algum teve seu diagnóstico de autismo revelado pela mãe, sendo que fomos nós da escola que descobrimos. Por algumas vezes, eu falei com a Greice sobre o comportamento de G., mas deixamos a emoção falar mais alto e, como a mãe sempre se queixava de problemas e que não tinha onde deixar o garoto, acabamos ficando com ele”, informa a diretora da escola.
Greice Rodrigues relatou que realmente informou ao avô que o neto estava trancado na sala, mas com a intenção de lhe pedir ajuda. “Se eu estivesse com outras intenções, não teria chamado o avô do garoto. Como todos os dias era ele quem vinha buscar o ex-aluno, pedimos seu apoio para ajudar a criança também”, relata a coordenadora da escola.
Questionada pela Reportagem se a escola não estava preparada para incluir alunos com algum tipo de deficiência, a diretora informou que a família jamais informou o caso. “Não é que a escola não esteja preparada. Na minha outra unidade, temos alunos com outros tipos de deficiência. Contudo, quando G. veio para a nossa escola, não fomos informados sobre isso. E, na parte da manhã, horário em que o garoto estudava, existe apenas brincadeiras para as crianças. Se tivéssemos desistido dele antes, não estaríamos passando por isso”, conclui a diretora.
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