Particularmente não esqueci a primeira birra que meu filho fez em público. Pode ser porque a situação veio somada a uma experiência de preconceito ou porque precisei enfrentar as pessoas para defender a condição dele pela primeira vez.
Sempre frequentei tudo com o Ângelo. Ele ama sair de casa! Mas nesta ocasião, ele se desorganizou e eu não sabia como proceder...
Depois de muitos dias doente, assim que ele melhorou fomos fazer um passeio em família em um parque aquático. As crianças se divertiram muito, foi especial.
No fim do dia, vendo-os faminto, fomos a um restaurante e talvez pelo cansaço ou sei lá porquê, ele começou a chorar e gritar. Ele tinha 3 anos e não permitia que o sentasse em uma cadeira, não aceitava meu colo, se debatia a todo instante enquanto tentava o alentar.
O restaurante não estava cheio, mas uma mulher chamou a gerente pedindo que nos retirássemos porque o choro estava a incomodando. Imediatamente falei que não iria fazer isto, pois meu filho tem autismo e iríamos terminar nosso jantar. A gerente levou a situação para a mulher que reclamava e ouvi em tom alto: " Essa mulher só pode ser louca de trazer esse tipo de criança aqui!!!" Assim que a gerente chegou na nossa mesa, antes que pronunciasse qualquer palavra, lhe falei que isso era crime de preconceito e um caso de ser chamado a polícia! Falei em tom alto também.
A mulher que reclamava cancelou seu pedido e eu a encarei até sair dizendo-lhe que preconceito é crime!
Quando voltávamos para casa, olhei para o banco de trás e vi minha filha abraçada no irmão enquanto escorria suas lágrimas... Percebi o desafio que se iniciava diante das diferenças, mas que jamais poderíamos recuar diante de uma atitude de preconceito. Naquele momento, jurei a mim mesma que faria tudo que estivesse ao meu alcance para favorecer a inclusão.
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