"Tom tem o olhar parado no tempo. Vive no silêncio a escutar os pássaros que voam para longe, muito longe. Onde só o sonho alcança". É assim que o narrador do livro Tom, de André Neves, se refere ao irmão autista, personagem título da obra.
No livro, a criança que conta a história questiona por que não diz o que sente. Questão respondida em seguida: Tom faz “esforço para articular as palavras”, uma das características do autismo. Na obra literária, o narrador só passa a compreender o irmão no momento em que ingressa no mundo lúdico do menino. Em seu universo, Tom alçava voo à liberdade nas asas dos pássaros, animais que o fascinavam.
Assim como o irmão de Tom na literatura, o empresário Pablo Menezes de Souza, 33 anos, só conseguiu entender o filho autista quando bateu à porta do seu mundo de sonhos. Só que para Bruno, quatro anos, não são os pássaros que causam encantamento, mas os balanços. É de carona nos brinquedos que o pequeno visita a liberdade.
Diagnosticado com autismo com um ano e oito meses, Bruninho, como é chamado, tem paixão por balanços. Um dos que mais gosta fica na pracinha do condomínio onde reside com os pais e os dois irmãos — de 10 e um ano — em Canoas, na Região Metropolitana. O pequeno gosta de brincar no balanço que fica à direita e sempre quer sentar de frente para a entrada da pracinha. Essa é a forma que Bruninho encontra para manter uma rotina, característica dos autistas.
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