quarta-feira, 27 de março de 2013

A História da Páscoa


segunda-feira, 25 de março de 2013

Vamos divulgar o Autismo!


Tarde Azul pelo Autismo - Caxias do Sul - RS

Foi em Dezembro de 2012, que nossa Presidenta Dilma Roussef assinou uma lei federal considerando a pessoa autista como portadora de deficiência. Uma lei que também os ampara em todos seus direitos para que esta pessoa receba meios e recursos para se desenvolver ao máximo de seu potencial e qualidade de vida.
Pelo mundo a fora, as famílias que enfrentam o autismo lutam pela aceitação, conscientização social e dimuição do preconceito!
Em abril de 2013, um pequeno grupo de pais e apoiadores programam-se para se reunir no município de Caxias do Sul com o propósito de conscientizar a sociedade e mostrar que Caxias do Sul também tem autistas e que eles necessitam de políticas voltadas para o seu desenvolvimento! Mais que isso: que as pessoas se importam umas com as outras!
Dia 07 de abril vista uma roupa azul e junte-se conosco nesta luta! 
Em uma mobilização como esta, é impossível contar o número de pessoas e sim o número de corações! Só quem se importa com o próximo e deseja mudar a história das nossas crianças e principalmente daquelas que chegarão ao mundo e que terão o diagnóstico de autismo, que comparecerão!
É possível demonstrar que SER HUMANO é SER MAIOR que qualquer limitação!
Ser diferente é ser normal, ser indiferente que não é!



Apoio de Samuel Sodre que animará as crianças
Gráfica Agilgraf que doou 500 folders explicativos
BFK Industrial  que doou 2000 adesivos

Há 1 autista em cada 50 crianças nos EUA, segundo governo


Bandeira dos Estados UnidosO governos dos Estados Unidos divulgou números alarmantes de uma criança com autismo para cada 50 em idade escolar (entre 6 e 17 anos), um incidência de 2,0%. Os dados vêm de uma pesquisa por telefone feita pelo CDC (Centros de Controle e Prevenção de Doenças — em inglês: Centers for Disease Control and Prevention) com 91.642 famílias.
Os números anteriores eram de um autista para 88 crianças de oito anos (1,16%), divulgados no ano passado. A principal diferença entre os dois estudos é que o anterior, com informações de 2008, considerou dados médicos e escolares, excluindo crianças que não recebiam tratamento ou educação especial. O deste ano tem dados vindos dos pais, em entrevista por telefone com famílias de várias regiões dos EUA, entre 2011 e 2012, respondendo questões a respeito de saúde, entre elas, se o filho está no espectro do autismo, e quando foi o diagnóstico.
Outra surpresa da pesquisa foi uma grande quantidade de crianças diagnosticadas depois dos sete anos de idade, considerado tardio. Por outro lado, um número já conhecido foi confirmado: a incidência de autismo em quatro meninos para cada meninas.
O número oficial de prevalência de autismo nos EUA continua sendo de um para 88, mas esta pesquisa com crianças em idade escolar aponta para uma grande possibilidade desse número ser revisto e as pesquisas aprimoradas.

sábado, 23 de março de 2013

Existe cura para autismo? Com suporte dos pais e tratamento pioneiro, menino mostra que sim

Os primeiros passos de Jamie vieram só quando o bebê tinha um ano e meio de idade. Mesmo antes, seus pais já notavam que ele tinha alguns atrasos no desenvolvimento, mas, no início pensaram que não era nada. Quando o bebê chegou aos dois anos de idade sem dar uma palavra sequer, Rhona e Christopher Robertson decidiram que era hora de procurar ajuda médica. 
  Reprodução/Daily Mail
“Ele aprendia palavras, mas parecia esquecê-las. Não interagia com ninguém, não mantinha contato visual, fazia movimentos repetitivos e corria pela sala sem parar”, disse Robertson ao Daily Mail. Depois de muitos exames, um psicólogo amigo da família conseguiu dar um diagnóstico, nada otimista: Jamie tinha uma forma rara de autismo - deficiência de desenvolvimento que causa problemas de comunicação e aprendizagem – que atinge uma em cada 100 crianças. 
Os médicos afirmaram que não havia cura para o problema, ou seja, o garoto não poderia ir a uma escola regular e dificilmente conviveria com as outras crianças de sua idade. Mas, nove anos depois, Jamie tem superado todas as expectativas. 
Desde os quatro anos, o garoto frequenta uma escola comum, suas notas estão entre as melhores da turma, tem tantos amigos que foi eleito secretário do conselho escolar. E suas habilidades não param por aí: Jamie se mostrou muito talentoso para a música e já aprendeu a tocar piano, órgão e baixo. 
Seus pais creditam a reviravolta na vida do menino a um programa de terapia intensiva do hospital de Cambridge, onde moram, e a mudanças na dieta e, é claro, ao carinho que sempre deram ao filho. 
Por causa do que viveram, os Robertson estão entre as pessoas que acreditam que autismo não é uma condição de vida, mas uma doença que pode ser tratada. “Sempre nos disseram que nada podia ser feito, mas nós provamos que todos estavam errados. O autismo é um distúrbio complexo e eu não posso usar a palavra ‘cura’, mas acho que as crianças podem sim se recuperar”, declarou Christopher Robertson. 

O autismo na era da indignação


RESUMO Pai de um menino com autismo, jornalista faz apanhado dos discursos sobre a síndrome, tanto no campo social e midiático como nos estudos científicos. Apesar de progressos pontuais, como lei aprovada em dezembro passado, a carência de políticas públicas no país e a desinformação alimentam o preconceito vigente.

No filme "As Chaves de Casa" (2003), de Gianni Amelio, Nicole (Charlotte Rampling) diz a Gianni (Kim Rossi Stuart) como percebeu que ele, embora negasse, era o pai de Paolo (Andrea Rossi), um adolescente com deficiências físicas e intelectuais: pela vergonha estampada em seu rosto. A vergonha é um sentimento que também não abandona quem tem um filho com autismo --eu tenho um, de 12 anos.
Se antigamente o deixaríamos trancado em casa, para não expô-lo (e não nos expormos) aos olhos da sociedade, hoje nos esforçamos para levá-lo à praia, ao cinema, às compras e, sobretudo, à escola. Mas a vergonha está, com frequência, na nossa cara, porque na cara dos outros à volta estão o desconhecimento, o desconforto, ou pior, o escárnio, o nojo.
Antes (e ao lado) da vergonha, vêm o luto e a culpa. Depois vem a indignação. Essa divisão esquemática não sobrevive ao crivo de nenhum psicólogo ou psiquiatra. Não tem problema: uma coisa que um pai de autista aprende logo é a se lixar para certos crivos. Assim como nossos filhos, temos um mundo bem particular.
Joel Silva/Reprodução/Folhapress
Pintura da artista plástica Deborah Paiva para a edição de 17 de março da "Ilustríssima"
Pintura da artista plástica Deborah Paiva para a edição de 17 de março da "Ilustríssima"
Quem ri de nós ou faz cara feia costuma ser alvo de iras avassaladoras. É o que anda acontecendo. Se vivemos numa era em que tudo é motivo de indignação (no Facebook, nas conversas pelo celular, nas mensagens anônimas nos sites de notícias, nos programas matinais de rádio, nas revistas semanais, às vezes até em praças públicas), também queremos, em nome dos filhos que tanto amamos, nosso quinhão de gritos. A ONU legitima os que poderemos dar no próximo 2 de abril, Dia Mundial de Conscientização do Autismo.

SÍNDROME
Um resumo sobre o autismo: ele se caracteriza por problemas na comunicação (mesmo as pessoas verbais têm fala atípica e dificuldade para expressar ideias e sentimentos); na socialização (possibilidade de mal-estar em meio aos outros, pouco contato visual e compreensão por vezes precária das conversas); e no comportamento (padrões repetitivos e movimentos estereotipados, como balançar o corpo). É uma síndrome, um conjunto de sintomas, não exatamente uma doença. No Brasil, não há qualquer estatística, mas pesquisas em outros países apontam para algo como um autista em cada cem habitantes. Você não sabe ou não quer saber, mas tem um aí ao seu lado.
Percebi que meu filho poderia estar nesse quadro da maneira que a maioria dos pais percebe: em função do atraso na fala. Aos dois anos, seu vocabulário era muito pequeno e pouco funcional. Depois de uma romaria por terapeutas, processo sofrido e também usual, o diagnóstico foi fechado quando ele contava quatro anos.
Por vício de repórter, que costuma encarar missão dada como missão cumprida, fui apurar o que era necessário fazer para, digamos, resolver a questão. Descobri que o buraco era tremendamente profundo. E que a questão nunca se resolve, é para sempre. Ao menos não fiquei patinando no luto, que é aterrador. O diagnóstico significa o desmoronamento das habituais fantasias acerca de filhos e um xeque-mate na própria vida. Do luto à luta leva tempo.
Há dois meses, em seu blog no site da Folha (assimcomovo ce.blogfolha.uol.com.br), o jornalista Jairo Marques chamou os autistas de "povão tchubirube", entre outras brincadeiras.
Centenas de pais protestaram junto ao jornal e nas redes sociais. Não vou dizer que gostei dos termos, mas, talvez por conhecer Jairo e saber que ele jamais teria um gesto preconceituoso, não me incomodei. Embora compreensível, a reação foi exagerada.
É diferente do quadro "Casa dos Autistas", que a MTV apresentou em 2011, com Marcelo Adnet e outros fazendo --com um alcance, multiplicado pelas sucessivas postagens do vídeo na internet, muito maior do que o de um jornal--, a propaganda do bullying, do escárnio. Participei do movimento que levou a emissora, mesmo com relutância, a se retratar. Jairo riu, não escarneceu. E humor que anda na linha não é humor. Mas humor que agride quem não pode se defender tampouco o é.
Passamos por algo muito pior no final de 2012. Em 14 de dezembro, Adam Lanza, de 20 anos, matou 20 crianças e seis mulheres numa escola da cidade de Newtown, em Connecticut, nos Estados Unidos. Antes, matara a própria mãe em casa. E, depois de dar por concluído o massacre, atirou em si mesmo.
Seu irmão Ryan disse que Adam era "meio autista". A frase correu mundo, esteve em primeiras páginas e despertou nos meios de comunicação um interesse por investigar as relações entre autismo e matanças em série. Os resultados ficaram entre a frustração das pautas, por inexistência de tais relações, e a disseminação do preconceito, por ignorância de quem resolveu tratar do assunto.
Dois dias após a chacina, o "Domingão do Faustão", programa da Globo cujo repertório de atrações já é habitualmente nefasto, dedicou longos minutos a uma entrevista de seu apresentador com uma desastrada psicóloga que, mesmo sem desejar, conseguiu misturar Síndrome de Asperger (forma branda de autismo que era, acredita-se, um dos diagnósticos de Lanza) com psicopatia. A indignação dos pais, preocupados com mais esse estigma sobre seus filhos, virou uma onda que desaguou em outras reportagens, agora mostrando o absurdo da mistura.
A emissora promete tratar do assunto na próxima novela das 21h. Aguardamos com atenção e esperançosos, pois pode ser uma ótima forma de divulgação e esclarecimento.

LEI BERENICE
Foi num gesto contra o preconceito e o isolamento que a presidente Dilma Rousseff sancionou, em 27 de dezembro do ano passado, a lei nº 12.764/12, conhecida como Lei Berenice Piana, em homenagem à mãe de Itaboraí (RJ) que tanto batalhou pelo projeto que pode beneficiar seu filho e milhares de outros.
A nova lei dá direito a atendimento especializado e obriga o Estado e as entidades privadas a garantir o acesso à educação e ao mercado de trabalho, dentre outros direitos. Escolas e planos privados de saúde não poderão rejeitar pessoas com autismo, e estas terão como reivindicar prioridade no atendimento. O gestor escolar que recusar a matrícula de um aluno com deficiência pode receber multa de 3 a 20 salários mínimos.
Os pais e profissionais que defendem o ensino especial (por acharem que os alunos aprendem mais assim e ficam protegidos de bullying, argumentos sérios que devem sempre ser levados em conta) vêm se queixando de uma desvalorização dos trabalhos voltados diretamente para autistas. Mas a redação da lei não impede que as escolas especiais continuem a existir. O que não tem havido é incentivo público a essa ala da educação, opção que precisa continuar a ser debatida.
Mais urgente é a criação de uma política pública para o autismo. O Estado brasileiro praticamente ignora o assunto. E o passo inicial é simples: propagar pelo país a experiência da Casa da Esperança, de Fortaleza, referência internacional em atendimento a autistas. O que vemos, no entanto, é a casa lutando para não fechar as portas, pois a prefeitura da capital cearense retarda o repasse das verbas do SUS. A maioria dos autistas não vota, então não interessa aos donos do poder.
E quem somos esses agora indignados, os pais? Por muito tempo, fomos os vilões responsáveis pelo autismo dos nossos filhos.
A síndrome começou a ser descrita na década de 1940 pelo norte-americano Leo Kanner (1894-1981) e pelo austríaco Hans Asperger (1906-80), cada qual em seu continente. Não havia, naquela época, condições de pesquisa que permitissem a médicos e psicólogos saber o que sabemos hoje: o autismo é fundamentalmente genético, embora, ao contrário da síndrome de Down, ainda não seja possível isolar os genes causadores, pois são incontáveis, e seus funcionamentos variam muito de acordo com a combinação entre eles.
Resulta que o chamado "espectro autista" é amplo: dos casos severos, com comprometimentos absolutos, aos de alto funcionamento, que podem desenvolver sofisticadíssimos softwares no Vale do Silício. E há os savant, aqueles que têm facilidade extrema para alguma atividade específica, como a matemática para Kim Peek, o americano que inspirou o filme "Rain Man" --e que tinha enormes prejuízos em outros campos. Meu filho está no TID-SOE (Transtorno Invasivo do Desenvolvimento sem Outra Especificação), a larga faixa entre os extremos.

FRIEZA
A psicanálise assumiu, já em meados do século passado, a hegemonia nas interpretações sobre o autismo. E, então, como não poderia deixar de ser, a culpa sobrou para os pais. Mais especialmente, para as mães, cuja suposta frieza causaria o problema.
Bruno Bettelheim (1903-90), psicólogo norte-americano nascido na Áustria, cunhou a expressão "mãe geladeira". E chamou os autistas de "fortaleza vazia". As duas imagens, temos certeza hoje, são falsas e estúpidas. Ele e seus seguidores defendiam que os filhos fossem afastados das mães para que se cogitasse alguma evolução. O mal que Bettelheim fez a gerações de pais jamais será sanado.
Parece haver um lugar, no entanto, em que suas ideias continuam sendo respeitadas e a psicanálise permanece hegemônica quando o assunto é autismo. Esse lugar é a França.
Ao menos, é o que tenta provar Sophie Robert nos 51 minutos de seu filme "Le Mur" ("O Muro"). Concluído em 2011, o documentário continua sofrendo fortes críticas de psicanalistas franceses, e sua exibição em cinemas e na TV foi vetada, mas é facilmente encontrado --e muito acessado-- no YouTube. Três dos psicanalistas entrevistados estão processando a diretora, alegando que tiveram suas falas deturpadas.
É mais correto supor que a edição foi capciosa, selecionando o que de pior eles devem ter dito. Sophie Robert não demonstra, nas conversas, a agressividade de um Michael Moore, que nem sequer simula equilíbrio na feitura de seus documentários, mas não contemporizou na montagem dos depoimentos. Denuncista, o filme é uma colagem de declarações assustadoras, feitas por discípulos tardios de Bettelheim que, embora digam atender autistas, não aparentam ter a mais vaga ideia do que seja conviver com eles.
Joel Silva/Reprodução/Folhapress
Pintura da artista plástica Deborah Paiva para a edição de 17 de março da "Ilustríssima"
Pintura da artista plástica Deborah Paiva para a edição de 17 de março da "Ilustríssima"
O problema é que pessoas como essas não vivem em cativeiro na França. Estão soltas por aí. A primeira terapeuta à qual levei meu filho tinha um consultório chique no Leblon (zona sul do Rio), com divã tradicional e tudo. Durante mais de um ano, ela se recusou a dar um diagnóstico, pois dizia que essa era uma questão restrita ao relacionamento com o cliente, no caso uma criança pouco verbal de três anos de idade. Afirmava que seu papel era estimular o inconsciente do meu filho a aflorar. E que o autismo era um tipo de psicose (absurdo sepultado nos anos 1970, quando ela devia estar na faculdade). De quem era a culpa de tudo? Dos pais, que brigavam muito.
No seu maniqueísmo, o filme de Robert acompanha dois adolescentes: Julien, que não avançou por ter ficado submetido à psicanálise, e Guillaume, que progrediu por ser tratado com os métodos comportamentais, principalmente o programa de exercícios ABA (Applied Behavior Analysis, ou análise comportamental aplicada). Ao reduzir assim um universo tão amplo (não há um autista igual a outro), a diretora comete um grande erro e faz propaganda enganosa.
A linha comportamentalista predomina nos países anglo-saxões, sobretudo nos Estados Unidos. Consiste numa série de práticas visando à integração social a partir da repetição, do reforço das convenções, da orientação sobre o que se pode ou não se pode fazer. Por um lado, o trabalho garante, se bem-sucedido, a adequação às regras da convivência. Por outro lado, parte do princípio de que existem cânones a ser cumpridos e que cada pessoa deve se adequar a eles, em vez de ter suas características peculiares compreendidas.
Voltando a um exemplo pessoal, a segunda terapeuta de meu filho era comportamentalista. A substituição foi propositalmente radical. Ela atendia numa clínica de Botafogo (também zona sul, mas com um PIB bem inferior ao do Leblon) e estava sempre elegante, o que levou minha irmã a chamá-la de "Barbie terapeuta". Não se sujava, embora trabalhasse com crianças, porque ficava sempre numa mesa diante delas, fiel às regras do programa ABA. No caso de meu filho, queria, por exemplo, ensiná-lo o que era amarelo, azul, vermelho, mas na abstração, sem casar as cores com nada que fizesse parte do cotidiano dele. Quando a paciência se esgotava, ele dizia "cocô" e se fechava no banheiro, fugindo da chatice inútil.

VOZES
Sem querer também incorrer no erro do reducionismo, os extremos de que se falou até aqui refletem, a meu ver, o seguinte problema: como um dos pilares do autismo é a deficiência na comunicação, os discursos produzidos são, em sua quase totalidade, sobre a síndrome e sobre as pessoas afetadas por ela. Há disputas pelas representações do autismo: catastrofismo x esperança; educação especial x inserção escolar; psicanálise x comportamentalismo... É um grande alento quando surgem vozes, por assim dizer, de dentro do autismo.
A que mais me impressionou em tempos recentes foi a de Carly Fleischmann, uma adolescente canadense que, após viver 11 anos fechada em si mesma, abriu-se para o mundo a partir do computador. Passou a escrever como ninguém supunha que ela pudesse. E começou, digitando, a falar de sua condição e a responder sobre autismo a quem a consulta. Na última vez em que vi, sua página no Face- book estava com 69.561 "curti". No site brasileiro em que descobri a história, o texto sobre Carly tem 113 mil compartilhamentos.
É enriquecedor ver o curta-metragem "Carly's Cafe", feito a partir dos relatos dela. A câmera filma do ponto de vista de Carly, mostrando como uma pessoa com autismo é sensível a sons e outros estímulos, e como ela se frustra por não conseguir expressar o que quer.
O inglês Mark Haddon não é autista, mas escreveu em 2006 um belíssimo romance, narrado por um adolescente que tem a síndrome. "O Estranho Caso do Cachorro Morto" [trad. Luiz Antonio Aguiar, Record, 288 págs., R$ 37,90] reproduz, inclusive com mapas e desenhos, como funciona a cabeça de um autista obcecado por cálculos e que segue seu raciocínio lógico para tentar descobrir quem matou um cachorro, fato do qual é suspeito. Dos muitos títulos dessa minibiblioteca temática que acabei formando, esse é um dos meus favoritos.
Para quem vive próximo do tema, o caso paradigmático de sucesso é o da norte-americana Temple Grandin.
Hoje uma senhora de 65 anos, Grandin foi uma criança condenada por médicos a passar a vida internada. Trilhou outro caminho graças, principalmente, à sua paixão por animais. Inventou o método menos sofrido --e largamente mais utilizado-- de abate do gado, que não percebe que vai morrer. Foi tema do belo ensaio que dá nome ao livro "Um Antropólogo em Marte" [trad. Bernardo Carvalho, Companhia das Letras, 352 págs., R$ 54], do médico e escritor inglês Oliver Sacks --a expressão do título é como Grandin define um autista. Escreveu em 1986, com o auxílio da jornalista Margaret M. Scariano, a autobiografia "Uma Menina Estranha" [trad. Sergio Flaksman, Companhia das Letras, 200 págs., esgotado]. Foi tema do filme "Temple Grandin" (2010), com Claire Danes em seu papel. E palestras suas estão disponíveis no YouTube.
Aprendi lendo Grandin que mesmo os autistas pouco ou nada verbais entendem praticamente tudo o que é dito à sua volta. Passei a ser mais cuidadoso e a respeitar mais os longos silêncios do meu filho.
O geólogo baiano Argemiro Garcia é uma referência no Brasil entre pais de pessoas com autismo. Coordena a maior lista de discussão sobre o tema na internet e, à frente da Afaga (Associação de Familiares e Amigos da Gente Autista), participa de campanhas importantes. Em um texto inicialmente dirigido às mães, "Bem-vinda à Montanha-russa", ele afirma que é dispensável perguntar se nossos filhos serão como Temple Grandin. "Eu jamais vou conseguir ser como ela!", ressalta, antes de tocar num ponto fundamental para quem tem um filho com autismo: "Duvido que ele venha a se tornar um canalha. Isto, nunca ouvi falar que um autista fosse". Infelizmente, por não saberem mentir e manipular, ficam mais vulneráveis a canalhas mentirosos e manipuladores.
Acho que é por isso que nos indignamos tanto quando ouvimos a palavra "autista" usada como ofensa --substituindo, por exemplo, "mongoloide" e "retardado mental", hoje não tão ouvidas, felizmente. Esse uso é muito comum entre políticos. E ninguém vai querer o diagnóstico do próprio filho na boca de um Renan Calheiros, de um Eduardo Cunha. Mas a estupidez é democrática: o adjetivo também já foi endereçado pelo intelectual Emir Sader a Ana de Hollanda, ex-ministra da Cultura.
Por mais santa que seja a nossa ira, não somos policiais da língua. Temos que moderar nossa caça às bruxas. Escrevi várias vezes aqui a palavra "autista". Mas ela vem sendo banida dos discursos de pais e profissionais, que a consideram estigmatizante por transformar uma característica em algo que define totalmente a pessoa, nublando sua subjetividade. Pois imaginem se, num texto de 17 mil toques, eu tivesse de escrever sempre "pessoa com autismo". Prefiro mandar às favas o que vejo como preciosismo.
O politicamente correto também quer nos forçar a dizer que é muito legal ter filhos com determinados problemas, como se isto nos tornasse seres humanos melhores. Quando vejo programas de TV sobre a família Kirton (um casal americano, John e Robin, e seus seis filhos autistas), fico me perguntando que tipo de fanatismo religioso impede dois adultos de parar de procriar se está claro que a combinação de seus genes é problemática.
"Quando se tem filhos deficientes, é preciso suportar ouvir muita bobagem", escreve o francês Jean-Louis Fournier, pai de dois meninos com problemas genéticos (não autistas) em "Aonde a Gente Vai, Papai?" [trad. Marcelo Jacques de Moraes, Intrínseca, 160 págs., R$ 9,90], um livrinho que concilia, sem censuras, amor e humor. "Há também os que dizem: 'O filho deficiente é um presente dos Céus'. E não dizem isso como piada. Raramente são pessoas que têm filhos deficientes. Quando se recebe esse presente, dá vontade de dizer aos Céus: 'Ah, não precisava...'."
Mesmo em forma de sarcasmo, é possível manter a alegria quando se tem algo como o autismo tão perto, tão dentro de você. Se não for assim, é impossível suportar. Mas não subestimem nossa ira. Somos mais incontroláveis do que nossos filhos.

Vida de uma criança autista e de seus pais não é fácil, afirma leitora

O texto intitulado "O autismo na era da indignação", fundamentado na experiência de quem vive "na carne", como se diz, a questão do autismo, reflete bem a discussão atual sobre como e quem está apto a tratar essas crianças e adolescentes que, por muito tempo, ficaram confinadas em tratamentos rígidos e inúteis.
A vida de uma criança autista e de seus pais não é fácil. Além de lidarem com as dificuldades inerentes ao problema em si, têm que se deparar com uma sorte de preconceitos e desconhecimentos dos que estão em seu entorno.

Luiz Fernando Vianna, como pai, não teve a sorte de um bom encontro com um psicanalista que, antes de tudo, precisa estar atento à angústia que suscita aos pais a notícia de um diagnóstico de autismo. Tão pouco teve sorte com outro profissional de outra abordagem.
Assinalo, entretanto, que, independentemente dessa querela, a psicanálise é um corpo teórico que avançou muito, desde os estragos que os pós-freudianos fizeram nos ensinamentos de Freud. Com Jacques Lacan ela pode ser revisitada, criticada e ampliada, e isso porque ela carrega em seu bojo, graças ao seu "pai", uma revisão constante de sua prática e dos preconceitos que podem advir de um psicanalista.
Os psicanalistas, pelo menos os lacanianos, aprendem que não só o cotidiano de sua clínica, mas também as questões do mundo contemporâneo fazem buraco no seu fazer e na teoria que o fundamenta.
Essa discussão lançada pelos pais das crianças diagnosticadas de autismo tem sido muito bem recebida pela comunidade psicanalítica lacaniana, tanto no Brasil e outros países, como na França, porque permite que se questione a clínica e o saber-fazer da psicanálise.
Se um documentário como "O muro", de Sophie Robert, foi duramente criticado pelos psicanalistas envolvidos nele, talvez seja porque se sentiram indignados de verem seus nomes envolvidos numa crítica injustamente feita a uma prática que, ao contrário de muitas, porta em seu seio mesmo a possibilidade que todo ser humano tem de advir como sujeito no mundo, de ter a sua singularidade subjetiva respeitada e acolhida e de ser tratado como alguém que tem desejos e gostos próprios.
O tratamento psicanalítico visa o singular do sujeito autista que, como qualquer sujeito, tem que inventar sua forma particular de fazer laços sociais, assim como fizeram Carly (Carly Fleischmann, adolescente canadense) e Temple (Temple Grandin, norte-americana).



quinta-feira, 21 de março de 2013

21 de março - Dia Internacional da Síndrome de Down

Quero deixar um beijo grande aos meus amiguinhos portadores da Síndrome do Amor e agradecer pelo tanto que acrescentam em nossas vidas!!!
Amo muito vocês!!


domingo, 10 de março de 2013

Feliz Aniversário, Ângelo!

Hoje é aniversário do meu querido filho Ângelo! São infinitos meus votos de felicidades, vitórias e superações!
Nossa caminhada nem sempre é fácil, mas vamos aprendendo a não complicar tanto... 
Ele me ensinou o valor das coisas pequenas, a não me importar meeeeeesmo com o que os outros irão pensar, a me importar muito com o coração do próximo e a lutar sem medo por aquilo que acreditamos!
Esse filho me ensinou que a oração mais linda que podemos oferecer a Deus, é o que realizamos no nosso dia a dia, nas nossas vidas, pois nossos atos refletem na existência do próximo e podemos escolher sempre o que podemos significar.
Te agradeço tanto meu filho, por ter me escolhido para ser sua mãe! Nunca teria sentido a vida de forma tão simples e tão saborosa!
Parabéns pelo seu aniversário! 
Esse vídeo não poderia ter outra música que não fosse a tua predileta! Quem te conhece sabe o quanto gosta dela...


segunda-feira, 4 de março de 2013

Cubo de AVD

Encontrei este cubo no blog Reabilitando com Terapia Ocupacional e gostaria de dividir com vocês!
Confesso que irei tentar confeccionar, pois o blog dispões de cada passo na sua confecção!

Foto-0089O cubo de AVD é um instrumento muito utilizado pelo Terapeuta Ocupacional. Trata-se de um cubo de tecido, onde cada face oferece um tipo de fecho diferente. Podemos utilizá-lo para treinar o vestuário com todos os tipos de pacientes que estejam apresentando alguma dificuldade nesta área devido a alguma limitação, trabalhando função bimanual, troca de dominância, coordenação motora, percepção de cores, números, entre outras coisas.No mercado, este cubo custa em média 70 reais. Podemos confeccioná-lo gastando menos de 30. Vamos tentar?
Como fazer:
Primeiro de tudo, vamos traçar no feltro o desenho de seis quadrados (foto 1). Eu utilizei a medida de 20x20cm. Depois, é só recortar (foto 2). No final, teremos seis quadrados de cores diferentes (foto 3).
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Os botões: vamos costurá-los nesta posição (foto 1). Depois, com faixas de feltro de outra cor, vamos marcar as posições dos botões (foto 2) para cortarmos as casinhas (foto 3). Reparem a foto da DICA que eu inseri. Como o feltro não é um tecido tão forte, podemos utilizar a cola artesanal para obter uma fixação mais efetiva antes de costurarmos. Assim, após colarmos a faixa de feltro como uma aba, costuramos por cima, com pontos simples, alinhavados (foto 4), fica um acabamento bonito (foto 5).
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A parte dos zíperes é simples, após colar as bordinhas com a cola artesanal, é só alinhavar (foto 1) e já está pronto (foto 2).
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Para a face que contém os fechos, utilizaremos as fitas, costurando-as para prender os dois lados de cada fecho (foto 1), e depois costurando-as no quadrado de feltro (foto 2). Para o fecho de cinto, podemos já utilizar a fita com ilhós.
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Para fazer o tênis, vamos recortar um pedaço de feltro no formato de uma palmilha (foto 1), e desta palmilha, recortar as laterais do tênis e a parte que contorna o calcanhar (foto 2). Utilizando outro pedaço de feltro da mesma cor, recortamos a língua (foto 3). Agora, vamos colar o ilhós nas laterais do tênis e furar o feltro que ficou por baixo (foto 4). Eu utilizei uma agulha bem grossa, mas podemos utilizar palitos de churrasco ou qualquer objeto pontudo. Agora, é só costurar o tênis todo num feltro de outra cor (foto 5) e recortar, colando tudo na face do cubo e passando o cadarço (foto 6).
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Agora, o velcro. Vamos costurar as tiras de velcro em duas faixas de feltro de cor diferente da face (foto 2), e recortá-las num formato diferente, costurando-as na face como duas abas unidas pelo velcro (foto 3). Preguei alguns botões de bichinhos no centro (foto 4), pode ficar à escolha.
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Utilizando os colchetes, vamos costurar cada componente num lado da fita de cetim (fotos 1 e 2) e pregá-la à face. Na mesma face, vamos pregar um dos componentes do botão de pressão (foto 3), e o outro na ponta da fita (foto 4). Repetimos o processo no outro lado da face (fotos 5 e 6).
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Agora, é só costurar uma face na outra. Eu utilizei o ponto caseado, aqui está um link do youtube ensinando a fazê-lo, é bem simples:
Para facilitar, também costurei primeiramente os quatro lados de uma face só (fotos 1-4), depois fui juntando com as faces adjacentes (fotos 5 e 6).
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Para finalizar, antes de fechar as duas últimas faces, adicionamos o máximo de fibra de enchimento que couber e fechamos.
Prontinho! Já temos um instrumento multifuncional para treinamento de vestuário e de vários componentes de desempenho dos nossos pacientes.
Espero que gostem, até a próxima!


Link  http://reabilitandocomto.wordpress.com/2013/02/11/confeccionando-cubo-de-avd/

domingo, 3 de março de 2013


"Miracle Run", um filme baseado em uma história real de autismo.


Baseado em uma história real, Miracle Run (Uma Viajem Inesperada/ Missão especial), traduz a trajetória e a luta que muitas famílias encontram para inserir um portador de autismo na sociedade. É preciso enfrentar o preconceito e conscientizar as pessoas "normais" que compreender as diferenças é possível.

Sinopse:
Quando Corrine descobre que seus dois filhos gêmeos são autistas, ela fica inconformada a princípio, mas acaba aceitando o veredito. Ela então conta ao marido sobre o fato, e ele lhe diz que não quer lidar com o problema do autismo. Por isso, Corrine o abandona, e passa a criar os meninos sozinha. Ela os coloca numa escola e não informa sobre problema dos meninos. Mas a atitude estranha das crianças faz com que os professores a acusem de maus tratos e, quando Corrine conta a verdade, eles a mandam procurar outra escola. Finalmente, graças ao apoio incondicional da mãe, as crianças conseguem superar as dificuldades impostas pela doença.



Assista o filme completo:

O mundo inteiro ganha quando entendemos que ser diferente é ser normal!

Linguagem de Sinais

Filha de mãe com deficiência auditiva, menina cresce aprendendo libras. Quando passa a frequentar escola, auxilia crianças com deficiência auditiva.

Alguns Sinais de Autismo...


Uma sacolinha de guloseima para Páscoa!





Fácil, fácil de criar! Basta grampear dois pratos de papel, sendo um cortado em forma de lua, fazer os buraquinhos para passar a fitinha que será utilizado de alça e decorar!
A decoração pode ser a carinha de um coelhinho ou uma imagem de Páscoa!




Fonte da imagem: Clique Aqui!

sábado, 2 de março de 2013

Atividade para Páscoa: Coelhinhos feitos com rolo.




Para criar estes lindos coelhinhos, basta encapar os rolinhos com papel, eva ou feltro. A base também pode ser feita com qualquer um destes materiais... Para o nariz faça um capucho com tecidinho, com qualquer enchimento ou cole um botão encapado. Encha de guloseimas!!! 
Os rolinhos podem ser criados com papel resistente da largura e comprimento que desejarmos!