quarta-feira, 2 de maio de 2012

Associação denuncia falta de apoio para doentes com Asperger


Quase duas décadas depois de ter conquistado o título de doença autónoma, o Síndrome de Asperger vai passar a ser agrupado sob o ‘chapéu’ de transtorno do espectro do autismo. Uma novidade que vai constar na próxima edição do Manual de Diagnóstico e Estatística das Perturbações Mentais, uma publicação norte-americana que identifica as doenças do foro mental.
Embora tenha manifestado o seu desagrado, a Associação Portuguesa de Síndrome de Asperger (APSA) reforça que as características «muito pró-prias» destes doentes não vão desaparecer. O que não evita, no entanto, confirma ao DestakPiedade Líbano Monteiro, presidente da APSA, que a decisão possa «vir a prejudicar as pessoas com este problema, por-se deixar de “olhar” para as suas características de modo cuidadoso e especifico».
Até porque Síndrome de Asperger e autismo não são a mesma coisa. «A diferença é basicamente ao nível das competências da linguagem verbal e sociabilização», refere Piedade Líbano. É que, no caso dos ‘asperger’, estas acabam por ser adquiridas, «mesmo que tardiamente», ao contrário do que acontece com os doentes que sofrem de autismo.
Vítimas de isolamento
Têm inteligência média ou acima da média, o que não impede, no entanto, que sejam alvo de discriminação. E isolamento. Situação que afecta, por cá, 40 mil pessoas. «Tendo como características as dificuldades na interacção social, na comunicação verbal e não verbal, na empatia, as pessoas com SA não são reconhecidas como “pares” ao nível da sociabilização, o que faz com que se isolem», confirma Piedade Líbano.
Faltam apoios
É através da observação que se chega ao diagnóstico, já que «não existe um exame que nos mostre claramente esta disfunção neurocomportamental de base genética». São, por isso, os comportamentos que indiciam a existência de um problema. E embora não haja uma regra, os sintomas tendem a manifestar-se aos quatro, cinco anos, «idade em que as crianças têm de fazer valer as suas aprendizagens, pondo-as à prova no ambiente escolar».
Porque são muitos os desafios, são também muitas as necessidades. Variam as intervenções – terapia da fala, ocupacional ou treino de competências sociais –, mas faltam os apoios, já que «estas terapias são muito dispendiosas; faltam técnicos com formação a nível de serviços de saúde pública, para que qualquer criança possa ter acesso a um diagnóstico correcto; faltam ainda equipas multidisciplinares nas escolas, com técnicos em número e com formação suficiente para desenvolverem um trabalho sistemático e consistente de acompanhamento a estas crianças».

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