segunda-feira, 21 de setembro de 2020

A Inclusão acaba? O que vem depois?


Quem me conhece sabe que antes mesmo do Ângelo obter um diagnóstico, eu já lutava pela inclusão. Nunca fui contra a escola especial, eu acreditava e acredito que as duas deveriam funcionar juntas. Eu acredito que uma não substitui a outra.

Sou apaixonada pela educação e por toda bagagem que uma escola é capaz de oferecer que, sem dúvida, vai além do conteúdo.

O fato é que nunca ouvi como foi o dia de escola do meu filho de sua própria boca e nem sempre, foi "um mar de rosas". Nós mães sabemos como foi seu dia, pelo seu comportamento e na maioria das vezes, meu filho foi muito feliz no ambiente escolar.

A minha crença e insistência em manter o Ângelo na escola regular tomou força diante do meu dia a dia. Particularmente, esse misto de gente numa sala de aula se apropriando de aprendizagem juntos e diferentes, é de uma riqueza imensurável e sem dúvida, via todos tendo ganhos. Presenciei cenas que só de me recordar, me emocionam, tanto de superação frente à limitação, quanto ao desejo de proteger e auxiliar.

Mas, agora o Ângelo concluirá o Ensino Fundamental e o que existe para ele? NADA! 

Sem dúvida nenhuma, disperso daqueles que cresceram com ele, o Ensino Médio não lhe trará qualquer benefício. Não faz sentido. Seria torturá-lo colocá-lo em uma escola grande com jovens desconhecidos... Pra quê?  Se tudo que ele mais amou na escola foram as pessoas. 

Nossos filhos típicos incluem Ensino Fundamental, Médio e ingressam na faculdade e o que existe para as pessoas com autismo?

Existe idade limite para entrar na Educação Especial, mas quase nenhuma mãe sabe disto. 

E como as mães são assistidas frente a uma sociedade onde todos entregam-lhe seu filho para que sabendo ou não o que fazer, sigam suas vidas? Muitas vezes essas mães são a única pessoa que restou na vida deste indivíduo. Então, percebo duplo descaso de todos. 

Podemos chamar as mães de guerreiras, especiais, as escolhidas por Deus, qualquer coisa que a faça esquecer sua mera condição humana e a conforte


por todos se calarem e se ausentarem.

Não é possível calar e não se movimentar para que esta realidade mude! Antes do autismo, existe um ser humano! O ser humano não merece ficar isolado do mundo apenas com sua mãe! Ele precisa de um espaço para ele, um momento para ele, ele precisa continuar a se desenvolver.

Hoje me questiono: Qual é o papel de cada um frente a esta realidade?

 

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