ORGULHO AUTISTA?
Por Fausta Cristina de Pádua Reis
A primeira vez que ouvi a expressão Orgulho Autista achei muito estranha. A primeira coisa que pensei foi sobre a real possibilidade de alguém sentir-se orgulhoso por ter Autismo ou ter orgulho por alguma pessoa querida ter a síndrome. Foi necessário que eu saísse do racional para pensar que o Autismo pode representar muito mais do que uma síndrome ou um transtorno na vida de alguém.
O Autismo hoje em dia se tornou uma causa pela qual eu luto, uma causa que considero muito nobre e da qual me orgulho, com certeza. São pessoas, familiares, profissionais, organizações, associações que buscam incessantemente a promoção da qualidade de vida da pessoa com autismo.
Sim, tenho orgulho de ser uma pessoa muito melhor desde que o Autismo invadiu a minha vida, mudou minhas referências e derrubou antigos paradigmas. Tenho orgulho em finalmente entender que as pessoas são diferentes, que não existe ninguém normal e que só teremos um mundo realmente melhor quando aprendermos a tolerar e aceitar verdadeiramente as diferenças.
Tendo em vista que o Dia do Orgulho Autista, criado em 2005 por iniciativa do "Aspies for Freedom" * e visa a divulgar e lutar pela aceitação das pessoas com autismo, tenho orgulho em pertencer a este grupo heterogêneo e imenso espalhado pelo mundo.
Sobretudo me orgulho da minha filha, a pessoa mais sensível que já conheci. Que me ensina a agir muito mais que falar, escutar para entender, que me ensina a interpretar rostos e me faz encontrar novas e melhoradas formas de comunicação. Tenho orgulho por vê-la superando dificuldades, derrubando barreiras e persistindo arduamente para compreender o mundo e ser aceita.
É... Orgulho Autista tem para mim muito sentido, espero que pra você também.
Fausta Cristina de Pádua Reis é integrante do Instituto Autismo & Vida, pedagoga, psicopedagoga, e mãe da Milena, uma linda garotinha com autismo que tem oito anos (http://www.mundodami.zip.net/).
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